PRINCÍPIOS SÍNTESE ORGÂNICA - CEFET-MG Campus Timóteo
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A. Isenmann <strong>CEFET</strong>-<strong>MG</strong> <strong>Timóteo</strong> Princípios da Síntese Orgânica<br />
Como não são reações de carater iônico nem radicalar, então a maioria dos fatores que<br />
influencia a SN e a SR (capítulo 1) não tem relevância. A polaridade do solvente, a adição<br />
de iniciadores ou inibidores de radicais não influenciam nas reações eletrocíclicas; para<br />
algumas ciclizações nem catalisador se conhece. Apenas a temperatura e a incidência de luz<br />
UV são decisivas para o seu andamento e sua direção.<br />
Todas as tentativas de isolar ou comprovar compostos intermediários falharam. Isto se deve<br />
ao fato de que essas reações ocorrem em somente uma etapa, através de um complexo<br />
transitório não tem tempo de vida própria. A quebra de ligações dentre os substratos e a<br />
formação de novas ligações ocorre num processo sincronizado 119 . Entre os processos<br />
eletrocíclicos conhecidos são preferidos aqueles onde 6 elétrons são em movimento. Isto<br />
tem a ver com a regra de Hückel que dedica vantagens energéticas ao conjunto de (4n-2)<br />
elétrons (ver p. 270). O arranjo dos átomos que participam no ciclo transitório é de<br />
preferência coplano, em analogia ao critério estabelecido para aromaticidade. Isto vale<br />
especialmente para aquelas reações onde somente participam elétrons π.<br />
As entalpias, ∆H, das reações eletrocíclicas têm tipicamente módulos pequenos, já que<br />
deslocamentos endotérmicos e exotérmicos se unem em uma etapa. Por outro lado, a<br />
barreira de ativação, ∆H ≠ , geralmente é consideravelmente alta. Uma análise mais<br />
detalhada revela que é a entropia que delimita a velocidade das reações eletrocíclicas. A<br />
entropia de ativação, ∆S ≠ , é bastante baixa, ou seja, o grau de organização no estado de<br />
transição cíclico é alto, em relação aos reagentes e até mesmo ao produto. Claramente uma<br />
consequência da organização e rigidez do arranjo coplano dos átomos no ET.<br />
Típica para as reações desta classe é sua reversibilidade. É possível reverter cada uma das<br />
reações pericíclicas - desde que recebem suficiente energia de ativação. Ao mesmo tempo,<br />
podemos afirmar alta regio, estéreo e quimosseletividade nessas ciclizações - simplesmente<br />
porque não há tempo para reações paralelas. Sendo assim, para a reação de Diels-Alder<br />
(item 3.5.6) existe uma reversa, igualmente bem definida, no caso uma “Retro-Diels-Alder”<br />
120 . Felizmente, na maioria dos exemplos reacionais a posição do equilíbrio fica em um dos<br />
extremos, então podemos contar com bom rendimento em uma das direções.<br />
Uma característica já mencionada é a alta estéreo-seletividade nas reações pericíclicas. A<br />
criação de uma (ou duas) novas ligações σ a custo de uma (ou duas) ligações π implica o<br />
surgimento de um (ou dois) novos centros sp³ que se destacam por serem quirais. Dos dois<br />
produtos diastereoisômeros possíveis, R,R/S,S por um lado ou R,S por outro lado, se<br />
observa apenas um, enquanto o outro fica reprimido ou até ausente.<br />
119 O limite entre processos em etapas e processos sincronizados não é bem definido. Sendo assim, existem<br />
cicloadições a partir de substratos 1,3-dipolares cujo estado transitório tem certa polarização (p. 242). Nestes<br />
casos a formação das duas novas ligações σ não ocorre exatamente ao mesmo tempo, ou seja, uma é mais<br />
prorrogada do que a outra.<br />
120 Observação: as reações do tipo retro-Diels-Alder são os principais responsáveis para as fragmentações dos<br />
íons moleculares insaturados que podem decorrer no espectrômetro de massas.<br />
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