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PRINCÍPIOS SÍNTESE ORGÂNICA - CEFET-MG Campus Timóteo

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A. Isenmann <strong>CEFET</strong>-<strong>MG</strong> <strong>Timóteo</strong> Princípios da Síntese Orgânica<br />

4.5.3 Deuteração<br />

Com fins de estudos mecanísticos e também para obter evidências espectroscópicas pode<br />

ser útil fazer uma reação de troca de hidrogênio, 1 H, por seu isôtopo mais pesado deutério,<br />

2 1<br />

H. No caso da H-r.m.n. desaparecem o sinal do respectivo hidrogênio e todos os<br />

acoplamentos provocados em núcleos vizinhos. Em consequência, o espectro fica mais<br />

simples e sua interpretação mais fácil. Já nos espectros de vibração se observa um<br />

deslocamento característico das bandas que provêm da ligação com o hidrogênio. Isto é, no<br />

infravermelho um deslocamento para menores números de ondas, no espectro de Raman<br />

além do mais um aumento em intensidade da banda. Enquanto a vibração C-H está<br />

estimulada com ν ~ ≈ 3000 cm -1 o grupo C-D precisa de apenas 2100 cm -1 (lembre-se: o<br />

número de ondas, ν ~ , é proporcional à energia, conforme ν ~<br />

E = h ⋅ c ⋅ ; ver resumo das<br />

fórmulas, no final do anexo 2 deste livro).<br />

Explicação: pressupomos a mesma estabilidade nas ligações C-H e C-D, a massa reduzida,<br />

m1 ⋅m2<br />

µ = do agrupamento C-D é maior do que em C-H. Ao mesmo tempo a constante<br />

m + m<br />

1 2<br />

1 f<br />

de força f é idêntica, então a frequência ν segundo a fórmula ν = ⋅ tem que ser<br />

2π<br />

µ<br />

menor.<br />

+ D2SO4<br />

D<br />

+ HDSO4<br />

De que forma usufruimos da deuteração em estudos mecanísticos? As reações no<br />

hidrogênio e no deutério são idênticas, pois se trata do mesmo elemento (lembre-se:<br />

somente os elétrons fazem a química; H e D têm a mesma estrutura eletrônica). Porém, a<br />

sua massa maior faz com que as vibrações e os modos de agitação do deutério sejam<br />

diferentes do hidrogênio. A vibração de átomos tem um papel crucial, não só para a<br />

espectroscopia vibracional, mas também para a velocidade da reação, já que cada<br />

transferência de grupos moleculares ou átomos se baseia em movimentos translatórios e<br />

vibracionais entre os átomos 207 . Na verdade a vibração C-D é mais lenta do que a vibração<br />

C-H. Cálculos mecânico-quânticos confirmam um efeito cinético que deixa acontecer<br />

reações no deutério 5 a 7 vezes mais lentos do que no hidrogênio, medido à temperatura<br />

ambiente. Assim, o efeito cinético em compostos deuterados já revelou muitas dúvidas<br />

mecanísticas (por exemplo, na elaboração dos mecanismos E2/E1; p. 134) e esclareceu o<br />

local exato da reatividade em moléculas mais complexas (por exemplo, na comprovação<br />

das arinas; p. 320).<br />

207 A frequência com que as colisões reativas ocorrem, representa o ponto de partida da famosa teoria de<br />

Eyring, da cinética do complexo ativado. Um texto altamente recomendado, por ter as derivações históricas e<br />

exatas, é de G. Wedler, Manual de Química Física, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 1999<br />

307

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