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Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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77<br />

«fratres <strong>de</strong> Moreyrola populaverunt villam <strong>de</strong> Costantf<br />

in Miranda in diebus istius regis»: nem por villa se<br />

ha <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r «villa» no sentido mo<strong>de</strong>rno, mas a quin-<br />

ta», «herda<strong>de</strong>», «pequeno povoado»', nem por popula-<br />

' Cf. Gama Barros, Historia da administração publica em Por-<br />

tugal, 11, i6 sqq. e 3i4 sqq.<br />

Alem do sentido mo<strong>de</strong>rno («villa <strong>de</strong> Serpa», «villa <strong>de</strong> Armamar«,<br />

etc, em lingoagem judicial), villa tem ainda sentido mo<strong>de</strong>r-<br />

níssimo, principalmente em Lisboa e arredores :<br />

significa vivenda<br />

mais ou menos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, provida <strong>de</strong> uma quintarola ou jar-<br />

dim. Os seus proprietários adoptaram o nome <strong>de</strong> villa, cuidando<br />

que empregavam um nome italiano, e que introduziam assim mais<br />

uma imitação em português, pois não afrouxa a balda <strong>de</strong> se que-<br />

rer imitar impertinentemente o que existe lá fora ; mas d'esta<br />

vez o prazer da imitação gorou-se-lhes, porque, como digo no<br />

texto, villa tinha na nossa lingoa antiga pouco mais ou menos<br />

a significação que mo<strong>de</strong>rnamente se lhe dá em Lisboa e arredo-<br />

res ! Ainda assim, os proprietários das villas alguma cousa fizeram<br />

contra a vernaculida<strong>de</strong> da lingoa: em lugar <strong>de</strong> prece<strong>de</strong>rem<br />

da preposição <strong>de</strong> os nomes das villas, e dizerem, por exemplo,<br />

villa <strong>de</strong> Esther, villa <strong>de</strong> Laura, etc, dizem sem <strong>de</strong>, á francesa, villa<br />

Esther, villa Laura. Já me referi a este assunto no meu opúsculo<br />

O gralho <strong>de</strong>pennado (réplica ás caturrices philologicas do Sr. Cândido<br />

<strong>de</strong> Figueiredo), 3." ed.. Porto 1894, pp. gq-ioo e nota. — Km<br />

verda<strong>de</strong> ha antigos nomes geographicos, formados por quem sabia<br />

português, nos quaes falta o <strong>de</strong>, como Villa -Mendo, Villa- Lobos,<br />

Villa-Corça, Villa-Cáes, mas estes nomes tiveram primitivamente<br />

o <strong>de</strong>, que <strong>de</strong>sappareceu, por evolução phonetica (nestes nomes<br />

Villa como que não tem significação, faz parte <strong>de</strong> compostos), ao<br />

passo que nos nomes mo<strong>de</strong>rnos, se não se exprime o <strong>de</strong>, é por<br />

<strong>de</strong>sconhecimento da lingoa (nestes nomes villa tem toda a sua<br />

significação) ; em todo o caso o onomástico ofterece ainda numerosos<br />

exemplos com <strong>de</strong>, como : Vil{la) <strong>de</strong> Ferreira, <strong>de</strong> Matos, <strong>de</strong><br />

Covas, etc. ; Villa <strong>de</strong> Fra<strong>de</strong>s, do Bispo, do Con<strong>de</strong>, do Souto, do<br />

Rei, etc. Ha-<strong>de</strong> querer talvez objectar-se-me que, por exemplo,<br />

Villa do Bispo significa que esta terra pertenceu primitivamente<br />

a um bispo, e que o <strong>de</strong> indica a posse, ao passo que com villa<br />

Laura se quis apenas dizer que a villa se chamava Laura, sem<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> posse ; mas a <strong>de</strong>nominação, ou, como se diz em gram-<br />

matica, o apposto <strong>de</strong>finitivo, com relação a nomes <strong>de</strong> terras, ex-<br />

prime-se com a adjuncção da preposição <strong>de</strong>: ninguém diz villa

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