Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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14- Na pronúncia normal mirandesa não existe dif-
ferença entre b e v: este som é substituído por aquelle
(e por è); só em lingoagem aíFectada, num ou noutro
individuo, se poderá ouvir v. Em castelhano succede
o mesmo actualmente, mas outr'ora nessa lingoa, como
também certamente em mirandês, parece que se man-
tinha a distincção, e seria pelo sec. xvi que a confusão
começaria a manifestar-se no castelhano'.
No nosso país dão-se a respeito do è e do ;^ os seguintes
factos: mais ou menos ao Sul do Mondego,
com excepção de algumas regiões, distíngue-se b de v,
e diz-se, por ex. : bom vinho; no Entre-Douro-e-Minho e
na Beira o v o. o b trocam-se a cada passo, ouvindo-se,
e até vendo-se escrito, vom binho, com quanto seja maior
a tendência para se dizer b por v, do que a inversa ; em
Tras-os-Montes, sobretudo na raia, não existe v, que é,
na pronúncia normal, absolutamente substituído por b,
dizendo-se pois bom binho. Synthetizando estes phenomenos
num typo, temos: a região do bom viriho, a do
vom binho e a do bom binho; escolhi este exemplo, por
elle ser apontado vulgarmente como característico, e
porque muitas vezes tenho visto escrito nas taboletas
das vendas do Norte e Centro do país vom binho.
5. Reflexões geraes
sobre os systemas de transcrição dos sons
i5. Systema de transcrição rigoroso seria aquelle
em que não só a cada som simplez correspondesse
sua lettra, embora com diacritícos, mas se indicassem
todas as particularidades phoneticas, ainda as mais té-
nues ou mais delicadas, como o som áo. x t j antes de
e, i (§ i3, no jx: e j), o de s final (§ i3, no s), o desen-
volvimento de consoantes nasaes, quasi imperceptíveis,
' R. J. Cuervo, in Revue Hispanique, ii, 5-i5.