Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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e phonemas vizinhos da vogal accentuada; pôde esta
mesmo alterar-se: no emtanto, o accento fica sempre
no mesmo lugar. Compare-se o lat. ci vi ta tem com o
fr. cite; a palavra latina tem nove phonemas, ao passo
que a francesa tem só quatro: mas o -a- accentuado
latino está representado pelo -é francês, o que corresponde
a dizer que o accento tónico occupa a mesma
posição nas duas lingoas. Mais extraordinária é a palavra
port. você, em pronúncia rápida quasi p'cê, comparada
com a phrase latina correspondente v o s t r a m
mercedem: o accento do lat. -ce- está em portu-
guês em -cê.
147. O mirandês não se subtrai, é claro, a esta lei:
cf. mesmo < *metipsimu-, alma < anima-, cojêr
< consuere, eira < área-.
As apparentes excepções que neste idioma se encontram
são análogas ás que se encontram em outros da
mesma familia : embora em latim clássico se dissesse
muliêrem, pariétem, -eôliim ou -ôlum, etc, tínhamos no
lat. vulgar muliére-, *paréte-, -eólu- ou -olu-,
donde o mirandês molhier, parede, -pio (p. 89 sqq.).
Cf. inteiro (§ 142-/:), cadeira (g 142-e), quelpbra «* co-
lo b r a = c o 1 u b r a), trepo {$ 99, e nota 2). A cerca
do que se dá nos verbos, vid. os §§ 207, 227, etc.
148. No § 29 disse eu que o mirandês admittia esdrú-
xulos ou proparoxitonos.
De serem diversas as leis que regulam o português
e o mirandês resulta que este offerece por vezes esdrú-
xulos onde aquelle tem paroxytonos: cf. mir. ôiirégano
com port. orégão, mir. órfaiio com port. órphão, na
pronúncia pop. órfo (cf. prov. orfes).
Passando a outros exemplos, encontramos em mir.
gracia, desgracia\ cobicia, presencia, pdstio, práiio,
' Mas diz-se desgraçado.