Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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Observação 5." — O ditongo mir. iç c, como dis.sc
a p. 182, um dos sons mais diííiceis de apreciar no
nosso dialecto: ora parece soar como o represento,
ora como simplez ç, ora como ee (fee?)\ todavia o que
normalmente se ouve em pausa, observando-se bem,
é !e,— ditongo crescente que, segundo já notei loc. cit.,
diífere porém do hesp. ie, quanto ao som.
61. a) O pronome lat. meu- transformou-se em ;«;//;
igualmente Deus tornou-se Dius; o pronome meacom
è em hiato, tornou-se em mir. septentrional mk,
mi em sendinês. — As formas intermédias d'estas três
palavras talvez fossem respectivamente *míeu, Díeus e
*míea\ com o ditongamento assignalado no 5 5i; como
ao mirandês normal mie corresponde em sendinês mi,
apoia-se a hypothese de *'miea: isto é, -ie- seria reduzida
a /. — Ao lat. mêmbru- corresponde o mir. nem-
bro, que talvez tenha origem na palavra portuguesa
archaica da mesma forma; em hesp. é miembro;
í>) Ao lat. d o m i n i c è 1 1 a - corresponde dun^eilha,
sem ditongação de è em le, facto que tem parallelo
noutras lingoas românicas.
c) Ao lat. s t e 1 1 a corresponde streilha, porque talvez
no lat. vulgar da Península se dissesse *stêlla
(i. é, *strella, *istrella) e não stèlla; de facto
em hesp. existe também esírella, sem ditongação de e
em ie.
d) Em ferba por içrba, do lat. h è r b a , a semi-
vogal i, por estar inicial, e ter de se tornar mais sensível,
transformou-se na consoante homeorganica y. O
mesmo succedeu em ye (em emphase yee) = fe < est.
> Cf. F. d'Ovidio, in Archivio glottologico italiano, ix, 48-53. —
A reducção do tritongo *-ieu a }» tem o seu parallelo também
no francês : assim o mod. ///, de 1 e c t u - , e.\plica-se por *lieit
(< *leyt)y tendo-se o tritongo iei simplificado em *ii, i.