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Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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149<br />

Um secco rio que horto nenhum rega,<br />

A barca só por gancho se governa,<br />

Uma camará que as vessas manda;<br />

Inverno <strong>de</strong> regelos, fome eterna,<br />

Verão <strong>de</strong> Ethiopia e <strong>de</strong> Finlândia';<br />

Eis ahi a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Miranda 2.<br />

Com quanto o primeiro editor d'este soneto o attribua<br />

ao anno <strong>de</strong> i636, creio que nenhuma razão forte tem<br />

para isso, pois que tal poesia anda na tradição oral, que<br />

nunca fixa datas tão antigas. Sem dúvida, a ser <strong>de</strong> um<br />

bispo, não pô<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> outro senão <strong>de</strong> D. Aleixo, que<br />

foi, segundo penso, o único que consta que ahi soífresse<br />

dissabores ; a expressão muralhas <strong>de</strong>rrubadas e castello<br />

sem tiros nem soldados só pô<strong>de</strong> referir-se também a um<br />

periodo posterior ao <strong>de</strong>sastre <strong>de</strong> 1762.<br />

Se, ao tempo em que se realizou a transferencia da<br />

se<strong>de</strong> do bispado para Bragança, o que motivou a <strong>de</strong>clinação<br />

rápida da cida<strong>de</strong>, o mirandês ainda nesse tempo<br />

aqui se fallasse, ter-se-hia mantido até hoje, porque <strong>de</strong><br />

então para cá não houve razão mais po<strong>de</strong>rosa do que<br />

até então para que elle se extinguisse: é que já pois em<br />

1 763-1 780 não se fallava.<br />

Devemos por tanto fixar entre os começos do sec. xvii<br />

e a segunda meta<strong>de</strong> do sec. xvni o periodo da extincção<br />

do mirandês na cida<strong>de</strong>, como lingoa viva e usual.<br />

í [Um adagio <strong>de</strong> Miranda-do-Douro diz que lá ha<br />

Vi<strong>de</strong> supra, p. 8.— J. L. <strong>de</strong> V.].<br />

Nove meses <strong>de</strong> inverno<br />

E três <strong>de</strong> inferno . .<br />

2 Este soneto foi publicado pelo Cavalleiro <strong>de</strong> Miranda (pseudonymo)<br />

in Commercio <strong>de</strong> Portugal, n.

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