Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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Attentando nos factos precedentemente expostos, vemos
que, como é natural, o onomástico se acha na
sua maior parte em íntima connexão, não só com a
lingoa, mas também com a natureza "e a história da
Terra-de-Miranda.
Pelo que toca á lingoa, — e é essa, segundo disse a
p. 6i, a principal connexão que eu quero determinar—
encontramos, pondo de parte os que tanto são portu-
gueses como mirandeses, e aquelles cuja etymologia
não pude descobrir, os seguintes nomes de povoações
com caracter inteiramente mirandês: Cerdo, na forma
Cérceno; Cicouro, na forma Cicuiro; Fonte d'Aldeia,
na forma FontTAldée: Fonte-Ladrão, na forma Fonte-
Lhadrõu; Freixiosa, na forma Freixenoja; Ifane^, na
forma Eifanhe\; Palaçoulo, na forma Palaçplo; Pena-
Branca, na forma Peinha-Branca; Póvoa na forma La
Proba; Val-d'Agiiia, na forma Bal-aAiguela. Se alguns
nomes podiam ser traducção do português como Fpnte-
Lhadróu, Bal-d'Aiguela, ha porém outros que não podem
deixar de ascender á epocha romana, v. g., La
Proba, com o seu p correspondente ao o latino, Cér-
ceno com o seu n intervocalico, Palaçplo com o seu
/ intervocalico e a correspondente também a ô latino:
isto prova que a lingua mirandesa tem raizes profundas.
Em verdade, ella não resulta de mistura de português
com algum idioma de alem da fronteira, mas tem leis
próprias, — factos que noutros lugares d'este livro serão
mais amplamente estudados.
Pelo que toca á natureza e á historia, apresentam-
se-nos como pertencentes á botânica : Barciosa, Cércio,
Freixiosa, Mora, Silva, Teixeira e Uva: á zoologia:
Angueira, Çarapicos e Val-dAgiiia (pela ultima parte)
revelam accidentes ou circumstancias do terreno : Agoas-
Vivas,^ Pena-Branca, Picote, Val-d'Agida (na primeira
parte), J^illar-Sêcco (na segunda partej; mostram a exis-
; ,