Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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Observação 2.^ — Nos exemplos citados a cima ha
parallelismo de formas, pois temos:
bòve- > bui
coriu- > cuiro
nocte- > nuite
onde a ô seguido de semi-vogal corresponde ui; em
hespanhol porém não se nota este parallelismo, pois
temos lá respectivamente biicy, citevo, iioche; os dois
primeiros exemplos com iie, o ultimo com o: é que o
hesp. noche, passou por * noite, t o i impediu o ditongamento
em ueK Por isso entre còriu- e cuero as formas
intermédias creio terem sido : * ciierio < * cueiro,
e não * coiro > * cueiro, pois, se no hesp. prehistorico
houvesse a forma * coiro, não existia razão para que
*oito, que de certo existiu, deixasse de se transformar
em *uecho; temos por conseguinte : córiu-> *cwmo
> * cueit^o > cuero. A propósito notarei que o eh hespanhol
de iioche me parece ter-se desenvolvido por pala-
tização do / operada pelo / precedente ; no dialecto extremenho
(de Portugal) observa-se um facto que representa
a phase intermédia, pois nesse dialecto diz-se (por exem-
plo, no Cadaval) óifo, onde com t noto um / alveolar,
análogo ao do inglês em íiine, t que caminha para eh,
pois, se, como digo, t se pronuncia com a ponta da
lingoa posta nos alvéolos, eh pronuncia-se com ella
posta na parte anterior do palato: d'onde o eschema:
òcto > oito > oito > *oicho > oeho. A forma oito
está representada pelo português normal; a forma *oito
pelo português dialectal; a forma * oicho pertence ao
hespanhol prehistorico. Quanto a buef, esta forma deve
explicar-se de modo análogo áquella pela qual se explica
a forma cuero. — Cf. § 142^'.
1 Cf. E. Gorra, ob. cit., § 29.