29.04.2013 Views

Estudos de philologia mirandesa - Esycom

Estudos de philologia mirandesa - Esycom

Estudos de philologia mirandesa - Esycom

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1 ID<br />

Visto que no português mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong>sappareceu o / e «<br />

latinos intervocalicos, phenomeno que não succe<strong>de</strong>u em<br />

mirandês, on<strong>de</strong> taes sons se conservam, bastava isto,<br />

alem <strong>de</strong> muitos outros factos, para dar ao mirandês, em<br />

frente do português, aspecto archaico; o que não quer<br />

dizer que o mirandês não offereça, em numerosas cir-<br />

cumstancias, phenomenos <strong>de</strong> evolução, como o ditongo<br />

íe, o Ih inicial, etc. : mas o aspecto archaico é o que sem<br />

dúvida impressiona mais, já pelo seu número, já porque,<br />

a par <strong>de</strong> um phenomeno ou <strong>de</strong> phenomenos <strong>de</strong> evolu-<br />

ção, a mesma palavra pô<strong>de</strong> offerecer conservantismo,<br />

por exemplo Ihwia (lat. luna, port. lua, Ifoia^ liía)^<br />

on<strong>de</strong> é evolutivo o Ih, e archaico o Ji medial, já, final-<br />

mente, porque, quando se dá um phenomeno <strong>de</strong> evolu-<br />

ção, como em sõu ou sõã (lat. sunt, port. arch. som^<br />

mod. são)^ este phenomeno está ás vezes mais próximo<br />

do da forma archaica portuguesa, do que do da actual<br />

(SÕU e sõã parecem-se mais com som, do que com são ').<br />

1 Esta semelhança entre om e -õu ou -ou é tal que, para as pes-<br />

soas alheias aos estudos phoneticos, a confusão dá-se fatalmente.<br />

Tendo eu notado no meu estudo sobre a lingoagem vulgar çlo<br />

Porto {Dialectos interamnenses, ix, lo) que nesta cida<strong>de</strong> se pro-<br />

nuncia como õu (= oum), ou ditongo análogo, a syllaba final<br />

-ão <strong>de</strong> certas palavras, por exemplo, pÕu, carbõu, isto é, com<br />

ditongo nasal (e não com simplez vogal nasal), — facto absolutamente<br />

certo— , vem <strong>de</strong> lá o Sr. Alberto Pimentel com o seu livro<br />

intitulado O Porto na berlinda, Porto 1 894, e diz-me a p. 226 : «a<br />

verda<strong>de</strong> é que na linguagem vulgar do Porto o ão é pronunciado<br />

como om e não como óum . . . . O<br />

óum em vez <strong>de</strong> om resulta <strong>de</strong><br />

uma falsa audição <strong>de</strong> Leite <strong>de</strong> Vasconcellos». E accrescenta, em<br />

tom <strong>de</strong> zombaria, que eu sou pessoa omnisciente, que para um facto<br />

<strong>de</strong> pequena monta <strong>de</strong>ito a livraria a baixo, que só costumo abonar-me<br />

com auctorida<strong>de</strong>s estrangeiras, e quejandos <strong>de</strong>stemperos.<br />

Quando, <strong>de</strong>ante da observação que eu lhe apresentava, <strong>de</strong> existir<br />

-Õu (ou ditongo nasal análogo) não só no Minho, como também<br />

num ponto <strong>de</strong> Tras-os-Montes, observação reforçada alem d'isso<br />

pela <strong>de</strong> outro investigador, o Sr. Alberto Pimentel a nega tão redondamente,<br />

e com esta sem -cerimonia, que dúvida que Manoel

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!