Estudos de philologia mirandesa - Esycom

nas de nomes de povoações formados da mesma ma-
neira; talvez mesmo alguns dos que aponto estejam já
indicados por outros investigadores; não posso, nem
vale a pena, agora averiguar.
Do exposto vê-se que Constantim foi na origem uma
propriedade, ou ahi houve um terreno, pertencente a
um individuo, talvez nobre, chamado Constantinus, do
qual tomou o nome, que se conservou até hoje : inlla
o\i fwidtis Constantini > Constantim.
Criam-se hoje constantemente deante dos nossos olhos
denominações semelhantes. E inútil citar exemplos.
Çarapicos. Escrevo com Ç inicial, e não com S,
como se acha nas Chorographias (Sarapicos, Serapi-
cos), porque a pronúncia local, Çarapicos, é com ç e
não com s.
Nas Inquirições de D. Aftbnso III, Livro ii, na Torre
do Tombo, lê-se Cerapicos, com C, que, por estar antes
de e, e valer por isso ç, confirma o que digo.
Ha na província deTras-os-Montes outras localidades
assim chamadas : no concelho de Bragança, no de Murça
e no de Valpaços, pelo menos. O onomástico hespanhol
tem Zarapicos em Salamanca; o i hespanhol apoia a
minha affirmação quanto ao c das nossas palavras, pois
a y em hespanhol corresponde em português etymolo-
gicamente ç {c -\- e, i).
O etymo creu) estar numa palavra equivalente á gal-
lega \arvapico, que se aparenta com ^arrapito (ave
aquática, que habita os rios e os pântanos'). Em ver-
dade, no gall. "{arrapico ha rr, ao passo que em Çara-
picos temos só r; mas, do mesmo modo que o :{arrapito
gall., com rr, corresponde ao ^arapito hesp., com sim-
plez 7% não me parece que deva deixar de se estabelecer
também correspondência entre :{arrapico e Çarapicos.
' Valladares y Nunez, Diccionario gaitego-castellano, s. v.
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