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Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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SC ciaria mesmo numa aula <strong>de</strong> instrucção primaria, com<br />

quanto mais razão não aconteceria num curso superior,<br />

on<strong>de</strong> os alumnos dispõem <strong>de</strong> outra preparação littera-<br />

ria ? Não me parece pois utópico o que a cima pro-<br />

ponho.<br />

Com o mantcr-se o idioma mirandês entre os Miran-<br />

<strong>de</strong>ses não se impe<strong>de</strong> nem perturba em nada o progresso<br />

intellectual d'estes, porque todos, quando se torna neces-<br />

sário, faliam, ao lado do mirandês, sem a minima ditti-<br />

cuida<strong>de</strong> o português, como faliam o hespanhol, e até<br />

certo ponto o gallego também. Ainda que o mirandês<br />

venha a <strong>de</strong>sapparecer totalmente, o que, não obstante<br />

o que digo, succe<strong>de</strong>rá um dia, o hespanhol, por causa<br />

das relações raianas, não <strong>de</strong>sapparece da Terra-<strong>de</strong>-Mi-<br />

randa. Por consequência, que vantagem haveria em que<br />

o mirandês acabasse ? Fica ao lado do português outra<br />

lingoa que não é o português, e que <strong>de</strong> mais a mais é<br />

estrangeira.<br />

Comprehendc-se que num pais gran<strong>de</strong>, possuidor <strong>de</strong><br />

fortes elementos separatistas, como a Hespanha, um<br />

governo, que <strong>de</strong>seje ser centralizador, procure ou se<br />

lembre <strong>de</strong> anniquilar as falias locaes. Mas que perigo<br />

corre Portugal <strong>de</strong> que os seus elementos nacionaes se<br />

<strong>de</strong>saggreguem ? Por ventura pensa alguém em restabe-<br />

lecer o rei)io do Algarve, dar realida<strong>de</strong> ao theorico<br />

principado da Beira, ou, — parodiando a Camillo Cas-<br />

tello Branco, que, no seu romance A queda <strong>de</strong> urii anjo,<br />

1887, p. i3, phantasiou um morgado trasmontano a<br />

presidir á municipalida<strong>de</strong> miran<strong>de</strong>nse em 1840 e a pedir<br />

em plena sessão do senado a restauração do antigo<br />

foral , — tentam por ventura os Miran<strong>de</strong>ses evocar do<br />

tumulo algum rico-homem medieval, para lhe <strong>de</strong>porem<br />

symbolicamente nas mãos <strong>de</strong>scarnadas as chaves das<br />

ruinas do castello da Terra-<strong>de</strong>-Miranda? Longe <strong>de</strong>,<br />

com a manutenção do dialecto, se transtornar a or<strong>de</strong>m<br />

social, produzir-se-hia eífeito opposto, porque, entre os<br />

diversos laços que vinculam a alma dos povos ao chão

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