Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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(em português antigo devia ser teenté), t e n e n s , é
pois na origem um participio, — tenens terram, «o que
tem a terra».
Para o estabelecimento das terras concorriam várias
circumstancias, sobre tudo geographicas e ethnographi-
cas, como hoje concorrem ás vezes para o dós conce-
lhos, quando esse estabelecimento não obedece a ca-
prichos, ou a desvarios politicos.
A Terra-de-Miranda fica num dos extremos de Por-
tugal, entre a Hespanha ao Norte e ao Nascente, sepa-
rada d'esta orientalmente pelo Douro, e em contacto
com outras regiões importantes, de que já os antigos
documentos faliam, a saber, a de Vimioso ao Poente, e
a de Mogadouro ao Sul. Olhando-se para um mappa
geographico, vê-se que ella se destaca do resto do país
pelos dois lados por onde confina com a Hespanha e
com o rio. A sua posição defronte do reino de Leão
dava-lhe, pelo contraste com o território estranho, feição
especial, ao mesmo tempo que a sua capital Miranda,
a cavalleiro sobre o rio, constituía, debaixo do aspecto
estratégico, ponto militar importante, que os nossos
reis, como direi adeante, cuidaram de aproveitar, fortifi-
cando-o convenientemente'. A Terra-de-Miranda, posto
que accidentada, é um tanto uniforme, sem grandes rios
que lhe interrompam a continuidade. Hoje, pelo lado do
Poente, o concelho está separado do de Vimioso pelo
rio Angueira, que constitue limite natural. Os productos
agrícolas também não variam essencialmente de lugar
para lugar: centeio, trigo, cevada, algum vinho. Se,
como elementos geognosticos do solo, se encontra ahi
o schisto e o granito^, e na freguesia de S. Pedro da
• No Livro das Fortalecias, de Duarte de Armas, na Torre do
Tombo, ha dois desenhos do castello de Miranda tal como existia
no sec. XVI.
2 B. de Barros Gomes, Cartas elementares de Portugal, Lisboa,
1878, p. 3.