Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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stancias em que o phenomeno se produz, o que nos
impede de descobrir a lei; ou de leis secundarias que,
por assim dizer, se cruzam com a lei principal, e lhe
alteram a acção. De modo geral, pôde dizer-se que o
arbítrio não existe em matéria grammatical quando se
;
dá certo phenomeno, elle obedece a uma lei. O homem
ordinariamente não falia como quer, mas segundo a dis-
posição dos seus órgãos phonadores e do seu cérebro.
Sem embargo, manifestam-se por vezes na lingoagem
influencias individuaes, sobretudo na syntaxe e no estylo;
todavia, ou não são duradouras, ou ficam sempre com
o estigma originário que lhes dá a apparencia de factos
estranhos e singulares.
Vejamos algumas d'estas leis secundárias, em relação
não só ao mirandês, mas também ao português, e a uma
ou outra lingoa mais'.
i) hifluencia de analogia. —Tendo-se, por ex., obser-
vado no § 146 que o accento lat. não se desloca geralmente
em romanço, extranharemos que em mir. se diga
amábamos e amábades, quando em lat. se dizia amabámus,
amabátis: isto depende da analogia com
as outras flexões pessoaes em que o accento está na
segunda syllaba,—amába, amábas, amábã. A analogia
tende, pois, a estabelecer igualdade ou paridade entre
os phenomenos da mesma ou semelhante classe. — N-0
gralho depennado, 3.* ed., p. 102, juntei alguns exs. de
influencias exercidas por umas palavras noutras.
2) Influencia da etymologia popular (esta é de certo
modo um caso de analogia). — A palavra latina *lus-
c i n i o 1 u s , por 1 u s c i n i o 1 a , experimentou várias
í Cf. sobre o assunto : Horning, La langue et la littérature française,
1887, pp. 7-8; K. Nyrop, Grammaire historique de la langue
française, i, 1B99, p. ii5 sqq.; Grammont, La dissimilatioti conso-
nantique, Dijon 1895, p. ii3 sqq.