Estudos de philologia mirandesa - Esycom

94
Na Revista Lusitana, v, 99 (artigo do Sr. Augusto
Moreno) encontro a palavra trasmontana palanco, que
significa «certa gramínea comparada á aveia» (cf. port.
balanço). Podia pois Palancar ser na origem um a sitio
onde crescem palancos^.
Paradella. a pronúncia mirandesa não diftere da
portuguesa. O documento mais antigo que conheço
com o nome d'esta povoação é de i638, o já citado
ms. intitulado Livro do Tombo das demarcações dos
lugares de Tras-os-Montes, onde eile se lê várias vezes.
Quanto á etymologia, Paradella é deminutivo de
Parada, como Me^quitella, de mesquita, Quintella, de
quinta (vid. ainda outros a p. 34). Tanto Parada como
Paradella apparecem com muita frequência, quer no
onomástico de Portugal, quer no de Galliza. Forma
parallela a Paradella é Paradinha, em Portugal e na
Galliza, Paradiella nas Astúrias, c Paradilla em Leão.
Parada, como Palaçoulo, relaciona-se com as insti-
tuições sociaes da Idade-Média. Diz Viterbo: «Houve,
sim, entre nós o foro de parada, que consistia em terem
os vassallos, emphiteutas ou colonos (e mesmo os
parochos ruraes, e mosteiros a respeito dos seus bis-
pos) preparado e pronto tanto ou quanto de mantimen-
tos ou dinheiros para mantença, e aposentadoria dos
seus respectivos senhores e sua comitiva. A esta con-
tribuição se apropriaram vários nomes, como foram:
jantar, comedura„ comedoria, collecta, colheita, vida,
e no eccicsiastico também algumas vezes visitação, pro-
curação, censo, direito ponlijical, etc.»'.
Já se vê que parada é participio (substantivado) de
parar, e que Paradella se deve entender não como
«foro pequeno», mas como denominação de um lugar
menor em relação a outro chamado Parada; effecti-
' Elucidário, s. v.