Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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é) Plural ia tantum. — Diz- se em mir. tejeira
ou tejeiras, «tesoura»: no singular, porque o
objecto é um só; no plural, porque se attcnde
ás duas laminas que o compõem. Pela mesma
confusão de ideias se diz aiforja, «alforges».
Em português usa- se tesoira ou tesoura na
lingoa culta, tisoiras na popular (Beira, etc).
As formas tisoiras e alforges são até certo
ponto duaes. — Na actualidade os alfaiates
em Lisboa, etc, também dizem galantemente
«uma calça»; mas a expressão tem pouco
consummo fora das alfaiatarias.
5) Regulari:{ação de certas termifiaçúes. — Já no Z 62-
nota 2 vimos que em mirandês se diz abutro, «abutre»,
onde, por -o ser a terminação especial do masculino,
se quis, por assim dizer, tomar mais masculina a pala-
vra, mudando-se o -e em -o. Pelo mesmo motivo se diz
em mirandês também: baldo, «balde» (vasilha), caceto,
«cacete»'; aljubo, «aljubeB^.— Podem ainda entrar nesta
categoria as seguintes palavras mirandesas: ancensio,
«incenso»; bardio, «bardo» (espaço fechado de mato,
para metter o gado no inverno); bérrio, « berro »;ytíno,
«faro»; pástio, «pasto». Alguns dos verbos correspon-
dentes são berriar e pastiar. Ou se quis regularizar as
terminações pelas de palavras taes como serbicio (que
se usa a par de serpiço)^ spacio (cf. spaciofó)^ ou de
formas correspondentes ás portuguesas em -o se dedu-
ziram verbos em -iar (= port. -ear)^ que por sua vez
deram origem a substantivos verbaes em -io: todavia,
como pástio difficilmente se pôde considerar como sub-
stantivo verbal (abstracto), parece-me mais conforme a
« Com quanto esta palavra venha do fr. casse-tête, onde tem
-ss-, escreve-se em português com -c-, e tem em mirandês o som
de ç, por uma razão análoga á que dei no %
1 14-OBS. 4.
2 Exs. ital. em Mussafia, Norditalien. Mundart^ '873, p. 18.