29.04.2013 Views

Estudos de philologia mirandesa - Esycom

Estudos de philologia mirandesa - Esycom

Estudos de philologia mirandesa - Esycom

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1(8<br />

ção glottologica com o português', pensava que a gente<br />

<strong>de</strong> Miranda failava a correr.<br />

D'aqui <strong>de</strong>vemos concluir que a lingoagcm <strong>de</strong> Mi-<br />

randa continha bastantes particularida<strong>de</strong>s, e que por<br />

isso, attentas as razões expostas no <strong>de</strong>curso doeste ca-<br />

pitulo, não era outra senão o mirandês.<br />

Por fim assevera o nosso auctor que os Miran<strong>de</strong>nses<br />

fazem somente accentos agudos e prolongas na primeira<br />

e última syllaba <strong>de</strong> cada dicção, o que torna diversa<br />

da lingoagem portuguesa litteraria a lingoagem d'elles.<br />

Não é muito facil explicar o que Severim quer dizer<br />

com os seus accentos agudos e prolongos. Já se vê<br />

que não havemos <strong>de</strong> ligar á palavra accetito a signifi-<br />

cação estricta que vulgarmente se lhe attribue em gram-<br />

matica, pois impossível seria que todas as palavras miran<strong>de</strong>sas<br />

do século xvii tivessem dois accentos, um no<br />

fim, outro no princípio, a equilibrá-las, como dois pesos<br />

iguaes nos pratos <strong>de</strong> uma balança. Por accetito não<br />

<strong>de</strong>vemos aqui enten<strong>de</strong>r apenas tonalida<strong>de</strong>, mas princi-<br />

palmente timbre vocálico (o timbre <strong>de</strong> uma vogal <strong>de</strong>-<br />

pen<strong>de</strong> do facto <strong>de</strong> ella ser aberta ou fechada, mais ou<br />

menos), e também, <strong>de</strong> modo geral, pronunciação.<br />

O mirandês parece não ter como próprios o nem e<br />

fechados (ô, e), como em português, e substitue muitas<br />

vezes em syllaba tónica estes sons por ó e é, pronun-<br />

> Ainda assim, não se supponha que para o geral das pessoas<br />

seja extremamente facil á primeira audição a comprehensão do<br />

mirandês fallado. Quando, por occasião das festas do quarto Cen-<br />

tenário do <strong>de</strong>scobrimento da índia, estiveram em Lisboa uns Mi-<br />

ran<strong>de</strong>ses, que executavam a dança dos paulitos, um jornal <strong>de</strong> Lisboa<br />

escreveu a respeito d'elles : «Faliam o dialecto mirandês, difficil-<br />

limo <strong>de</strong> comprehen<strong>de</strong>r» (O Século, <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1898, p. 3).<br />

Assim, pela observação dos factos actuaes, feita por pessoa que<br />

procurou exprimir <strong>de</strong>spreoccupadamente a realida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>mos<br />

imaginar o que succe<strong>de</strong>ria em idênticas circumstancias a Severim<br />

no sec. XVII.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!