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Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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ii6<br />

Não admira por conseguinte que as formas archaicas,<br />

<strong>de</strong> preferencia ás mo<strong>de</strong>rnas, impressionassem o ouvido<br />

<strong>de</strong> Severim <strong>de</strong> Faria, que <strong>de</strong> mais a mais não pretendia<br />

na occasião proce<strong>de</strong>r a estudos grammaticaes, e que se<br />

limitava, como curioso investigador que era, a reparar<br />

numa particularida<strong>de</strong> lexicologica que elle julgava digna<br />

<strong>de</strong> menção.<br />

Não é só o mirandês que apresenta archaismos; todo<br />

o português raiano <strong>de</strong> Tras-os-Montes os apresenta,<br />

mais ou menos, ouvindo-se a cada passo, por exemplo,<br />

assí, fról, niu, sóa (feminino <strong>de</strong> só)^ mór, iba, niu,<br />

aqueiroutro ; e por isso pô<strong>de</strong> parecer que, se se fal-<br />

lasse na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Miranda-do-Douro, nos inicios do<br />

século XVII, o português popular (sub-dialecto trasmon-<br />

tano-raiano'), e não o mirandês, as palavras <strong>de</strong> Severim<br />

<strong>de</strong> Faria não seriam diversas, tendo pois nós nellas,<br />

não uma notícia do mirandês, mas simplezmente uma<br />

notícia do português-raiano. A objecção não colhe, porque,<br />

alem das consi<strong>de</strong>rações theoricas que prece<strong>de</strong>m<br />

a analyse que estou fazendo da asserção <strong>de</strong> Severim,<br />

e que levam a admittir a existência do mirandês intra-<br />

Severim <strong>de</strong> Faria, que estava <strong>de</strong>spreoccupado, pu<strong>de</strong>sse ter aproxi-<br />

pnado -òu (ou õu) <strong>de</strong> -om, se é que aproximou? Eu também nas<br />

minhas primeiras observações á cerca da lingoagem do Minho<br />

cui<strong>de</strong>i ouvir -om, facto que <strong>de</strong>pois verifiquei não ser inteiramente<br />

exacto. Fica assim justificado, por exemplos mo<strong>de</strong>rnos, o que digo<br />

no texto.<br />

E para terminar, recommendarei ao Sr. Alberto Pimentel que,<br />

já que é Papjwoí, an<strong>de</strong> para a outra vez mais cauteloso, para não<br />

se expor a censuras que <strong>de</strong>vem ser-lhe <strong>de</strong>sagradáveis.<br />

I No dialecto trasmontano, i. é, no português (não no mirandês)<br />

<strong>de</strong> Tras-os-Montes, po<strong>de</strong>m distinguir-se provisoriamente três clas-<br />

ses secundarias, ou sub-dialectos:<br />

a) sub-dialecto raiano, da raia<br />

b) sub-dialecto alto-duriense, do Alto-Douro<br />

c) sub-dialecto central, do resto da província.<br />

Cf. sobre este assunto a minha Revista Lusitana, i, 192.<br />

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