Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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97. o M latino final tinha caido ordinariamente já
no latim vulgar, excepto em alguns monosyllabos. Uma
inscripção romana que encontrei no Alemtejo oíferece,
por exemplo, anoro = aunorum. Mas os exemplos d'este
facto são numerosíssimos, e muitos* tem sido já citados
por Corssen, Schuchardt, etc. Em mirandês não appa-
rece pois também, a não ser representado por uma resonancia
nasal em monosyllabos, como qinç < quem,
cw (ás vezes desnasalado) < cum.
Observação i.^— O hespanhol tem n nos casos em
que o mirandês tem resonancia nasal: quien, cou. Isto
estabelece grande diíferença entre os idiomas hespa-
nhol e mirandês.
Observação 2.^ — O português procedeu como o mi-
randês. Em português antigo ha também rem, do lat.
rem, em fr. rien, prov. ren; e ha som, ainda hoje nos
dialectos do Sul e Centro são, — se é que esta forma
vem directamente de sum — . E
duvidoso se as pala-
vras portuguesas tão, quão, vem de tam, quam, se
de tantu-, quantu-; é mais provável o segundo
facto, — cf. fr. tant, qiiant—, tendo-se supprimido as
segundas syllabas em próclise, como em são, sã, de
S a n c t u - , Mó (em compostos como Monsanto < Monte
Santo, Montouto < Mont'altu-, Mombeja < Monte
de Beja, Monsul < Monte do Sul)^ de monte-.
Observação 3.^—O m latino conservou-se em cum
e quem, porque a primeira palavra emprega-se sempre
procliticamente, e a segunda também, quando pronome
relativo; por isso m não ficava final, mas medial, e por
isso em condições de se conservar.
F
98. O F latino inicial permanece em mirandês; ex.
f a m e - > fame, f e m i n a - > fémena, f e r o c e - >
faróç, festa- > /festa, f i 1 a r e > ^lar, flore- >
Jlor e frol, folia- > folha, * f e 1 e - > ftel.
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