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Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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4o5<br />

o presente õubo (<strong>de</strong> ôubir)^ comparado com o lat. audio,<br />

que <strong>de</strong>u em port. ouço; o presente cabo (<strong>de</strong> ca-<br />

ber)^ comparado com o lat. capio, que <strong>de</strong>u em port.<br />

caibo; o presente pa7'o (<strong>de</strong> pavir)^ comparado com o<br />

lat. pario. Todos elles se conjugam regularmente, por<br />

analogia com os que são por natureza regulares.<br />

252. Escolha <strong>de</strong> verbos auxiliares. — Ao<br />

mencionar no S 211 as substituições dos tempos, disse<br />

eu que na formação dos tempos compostos miran<strong>de</strong>ses<br />

entrava o verbo tenér, e ás vezes o verbo habér. Em<br />

hesp. o auxiliar normal é haber. Em port., na lingoa<br />

litteraria, pô<strong>de</strong> empregar-se quasi indifferentemente ter<br />

ou haver, embora seja muito mais usado o primeiro;<br />

na popular emprega-se quasi exclusivamente o primeiro.<br />

Em mir., segundo o que tenho observado, usa-se tenér<br />

e habér, sendo tenér o auxiliar preferido. Eis algumas<br />

phrases que ouvi: atenk tirado 1 peine», «tengo benido»,<br />

«tenie ido», «tenes bido», «tenemos tubido»; também<br />

porém num conto popular que trasla<strong>de</strong>i da boca do povo<br />

Porque é que nestas a lingoa não se a<strong>de</strong>antou também suavemente,<br />

como o Sr. Lanchetas diz que ella o fez nos verbos? Já se vê que<br />

o phenomeno assignalado por este auctor tem outra explicação.<br />

Creio que ella é a seguinte : o infinitivo -ecer com o seu c influiu<br />

no presente, e d'esta influencia phonetica resultou naquelle tempo<br />

-^co, por isso que c antes <strong>de</strong> e (e <strong>de</strong> /) tem em hesp. o mesmo<br />

som que f ; por isso nacer—nafco, merecer— merejco, com a sibilante<br />

igualada nas terminações. Para o povo só foi sentido como<br />

suffixo do presente o -co: o parallelismo ficava completo entre<br />

nierec. . . (= merez. . .) -er, e merej. . . -co. Em português a in-<br />

fluencia da terminação do infinito ou do presente foi ainda maior,<br />

pois <strong>de</strong> paresco (ant.) fez-se pareço (mod.), baseado no infinitivo<br />

parecer.— A propósito ainda das relações entre 5 e ^ em hespa-<br />

nhol, notadas pelo Sr. Lanchetas, lembrarei que elle não cita, por<br />

as não conhecer, as excellentes Disquisiciones sobre antigua ortografia<br />

y prommciación castellanas <strong>de</strong> R. J. Cuervo, Paris 1895-98<br />

(publicadas primeiro na Revue Hispanique, u e v), ás quaes me<br />

tenho já referido várias vezes neste livro.

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