Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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para araro (tendo-se na mente os substantivos abstra-
ctos correspondentes). No Cancioneiro Gei^al, de Garcia
de Resende, lê-se:
Caçurrentos, mays que pulhas,
De seus males criminaes
Se castyg(u)em.
(Vol. 1, p. 187-188).
Iveçençeado sem tento,
Que presume de sotil,
Sabereys pulhas cem mil,
Trovays cujo & caçurrento.
(Vol. III. p. 652).
Os nossos diccionarios também dar) como existente
caçurria, mas é preciso verificar se tal palavra appa-
rece em textos antigos.
Evidentemente estas palavras todas, a mirandesa, as
hespanholas, as gallegas, as portuguesas, tem a mesma
origem, representada no adjectivo caçurro (ou cainrró).
Quanto ao etymo, a primeira cousa que occorre é decompor
caçurro em caç-itrro; já Diez', ao estudar o
suffixo -urro, indica o adjectivo hesp. caiurro, sem
porém lhe determinar a etymologia. Ainda que deante
do thema caç- nos poderiamos lembrar do verbo port.
caçoar e do substantivo gall. ca\ualla, a explicação delle
é difficil. Como o suffixo -urro é, ao que parece, de origem
bizcainha, ha tentação de ir ao vasconço buscar a
desejada etymologia: effectivamente o Sr. E. Hiibner,
nos Monumenta linguae Ibericae, p. lxxxiii, aproxima
ca:{urro do vasconço :{akurra. Porém o Sr. D. Miguel
de Unamuno, lente cathedratico da Universidade de
Salamanca, e que, alem de cultivar a philologia româ-
nica, é bizcainho de nação, diz-me em carta que acha
nesta aproximação algumas dúvidas, e nota que assim
' Grammaire des langues romanes, n, p. 341.