Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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mais ou menos, ridículo, e csforçam-se por fallar já um
pouco graj'e, dcshabituando-se, o mais que podem, das
locuções do dialecto. É o que me parece que vae suc-
cedendo :
c estou que por volta de uma porção de annos,
que por em quanto não poderá bem calcular-se, diíficilmente
restarão por cá vestígios de tal dialecto». Posso
repetir o que o Sr. Rousselot diz do de Cellefrouin: oil a
reçu le coup de mort, et ses jours sont comptés»'. Não
é sem certa tristeza que a philologia archiva d'estas noti-
cias; mas torna-se necessário obedecer á lei da fatali-
dade !
Duj^a lex, sed lex!
Os Mirandeses faliam não só o português e o miran-
dês, mas com igual fluência e correnteza o hespanhol;
e conhecem também o gallego. D'aqui vem o dizerem,
como lembrei a p. 17, que, ao passo que nos outros
territórios de Portugal se entende só geralmente uma
lingoa, lá se entendem quatro. Em todo o caso, os Mi-
randeses, como os habitantes de Marselha na antigui-
dade, — hos Varro trilingues esse ait, quod et Graece
loquantur et Latine et Gallice — ^, são mais propriamente
trilingues (mirandês, português e hespanhol) do
que quadrilingues. O uso do hespanhol resulta da vizinhança
da Hespanha e das relações constantes com os
Hespanhoes; pelo mesmo motivo correm nas raias de
cada um dos paises as moedas do outro.
Se por um lado a acção do hespanhol se exerce na
litteratura popular de Miranda, onde existem romances
e canções naquella lingoa, por outro lado, em virtude da
correlação que existe entre certos phenomenos caracte-
rísticos da phonologia mirandesa e os da phonologia hes-
panhola, a lingoa do país vizinho contribue talvez para
que a mirandesa em parte se mantenha. E^m português,
por exemplo, diz-se mau, em mirandês diz-se mala
> Loc. laud., p. 223.
2 Isidoro Hispalense, Opera, Madrid 1778, XV, i, § 74.