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Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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126<br />

Passando do onomástico á lingoa commum, achamos<br />

também um rasto do mirandês em Miranda. Nesta<br />

cida<strong>de</strong> ouvi, como <strong>de</strong> uso geral, a palavra burrona,<br />

que significa «burra gran<strong>de</strong>»; o suffixo -ona, <strong>de</strong> que já<br />

a cima tratei, é outro exemplo <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> ;/,<br />

como em Lha^onicaK<br />

Creio que fica assim <strong>de</strong>monstrado, por consi<strong>de</strong>rações<br />

theoricas, pela notícia <strong>de</strong> Severim <strong>de</strong> Faria, e pelos ves-<br />

tígios do onomástico e da lingoa commum, que o mi-<br />

> Já se vê que burrona suppõe o masculino *burrom (*burróu<br />

ou *burrõit}, que não se usa.<br />

Em verda<strong>de</strong> existe em mirandês a palavra borrõS, mas no<br />

sentido <strong>de</strong> «varrão», «varrasco», e tem por isso outra origem:<br />

lat. *verrone, <strong>de</strong> verres. Em hesp. verron, verraco, varraco<br />

c barraco; em gall. berron; em port. <strong>de</strong> Tras-os-Montes berrão.<br />

O mir. borrfiu ofFerece na primeira syllaba o {= u) por influencia<br />

da labial inicial ; as formas port. e hesp. com a na primeira syl-<br />

laba tem-no por influencia do som seguinte rr, como no port.<br />

varrer, do lat. verrere; em gallego e no port. trasmontano<br />

pô<strong>de</strong> ter-se mantido o e por influencia <strong>de</strong> berrar.—Na terminação<br />

d'estas palavras houve troca <strong>de</strong> suffixos -on {-õu, -5o), -asco, -aco.—<br />

O Sr. Adolfo Coelho, no seu Diccionario manual etymologico, explica<br />

o port. varrão, por meio do «suffixo augmentativo -áo»; mas<br />

as formas hesp., gall. e mir., que terminam respectivamente em<br />

-on, -on, -õil, provam que não se trata <strong>de</strong> -ão originário, mas <strong>de</strong><br />

-one-, que só posteriormente <strong>de</strong>u -ão: assim temos ^verron<br />

e - > arch. * verrom > verrão > varrão. No latim vulgar<br />

da Ibéria <strong>de</strong>via haver a forma *verro, -onem, <strong>de</strong>clinada como<br />

*lecto, -onem, furo, -onem, draco, -onem, falco<br />

-onem, leo, -onem. Prefiro lembrar-me d'estas palavras a<br />

lembrar-me do nome próprio Varro, -onem. É também pro-<br />

vável que palavras como a hesp. cabron com a port. cabrão, a<br />

hesp. pulgon com a port. pulgão, a hesp. salton com a port. saltão,<br />

não sejam formações românicas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes entre si, mas<br />

provenham <strong>de</strong> protótypos latinos, taes como *capro, -onem<br />

(cf. fr. chevron, ital. caprone, catai, cabró)., *pulico, -onem<br />

(cf. gall. pulgon^ catai, pugó)^ * s a 1 1 o , -onem (cf. gall. salton)-

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