29.04.2013 Views

Estudos de philologia mirandesa - Esycom

Estudos de philologia mirandesa - Esycom

Estudos de philologia mirandesa - Esycom

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

17<br />

como o hesp. baturro está para bato, assim caturro<br />

faz presuppor a forma *cazo-, que também a cima<br />

<strong>de</strong>duzi (= *caço-), e que permanece obscura. Não<br />

posso embrenhar-me neste árduo problema; comtudo<br />

lembrarei que talvez a coincidência entre baturro e<br />

caturro (caçurro) seja apenas casual, e que caturro<br />

po<strong>de</strong>rá explicar-se pelo bizcainho {ákurr (ou pelo seu<br />

protótypo), em resultado <strong>de</strong> metathese: lá-kurr =<br />

ca-zurro. A palavra lákurr, como me indica ainda<br />

o Sr. Unamuno, significa «ladrador», e por extensão<br />

<strong>de</strong> significação «perro»; com o artigo posposto toma a<br />

forma lákurr-á = ^àkurrá («el ladrador», «el perro»).<br />

Pelo que respeita ao sentido, nada haveria que oppor.<br />

No onomástico da Hespanha existe Caturra (Zamora)<br />

e Ca^urraque (Orense). Terão estas palavras<br />

alguma cousa que ver com caturro? O onomástico<br />

português oíferece Cassurrães (= Caçurrães) na Beira<br />

tal palavra po<strong>de</strong>ria ser o plural <strong>de</strong> *caçurral, da<br />

mesma famrlia.<br />

Fechado este parenthesis sobre o sentido <strong>de</strong> charro<br />

c caturro, voltarei a fallar da minha estada em Duas-<br />

Igrejas. Não obstante aquellas expressões <strong>de</strong>preciativas,<br />

muita gente, com algum e legitimo orgulho regional,<br />

referia-se ao mirandês, servindo-se das expressões la<br />

nossa fala, la nossa Ihengoa, por opposição ao grabe;<br />

e até accrescentava que os <strong>de</strong> longe, os que não eram <strong>de</strong><br />

Miranda, apenas entendiam o português, ao passo que<br />

os Miran<strong>de</strong>ses entendiam nada menos <strong>de</strong> quatro lingoas<br />

affins, — mirandês, portttgnês, gallego e hespanhol!<br />

O meu nome corria <strong>de</strong> boca em boca, entre aquelles<br />

al<strong>de</strong>ãos simples e primitivos, que exclamavam admi-<br />

rados: Aqiiél studante bê apren<strong>de</strong>r la nossa fala!<br />

Uma ou outra pessoa, principalmente as molheres, lá<br />

cuidava que eu ia para me divertir; todavia eu argu-<br />

mentava que não teria emprehendido uma viagem in-<br />

;

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!