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Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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127<br />

randês se fallou até certo tempo na própria cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Miranda.<br />

Se a respeito <strong>de</strong> outras terras que confinam com a<br />

área geographica do mirandês se proce<strong>de</strong>sse a estudo<br />

circumstanciado, quer da lingoa usual, quer do ono-<br />

mástico, e se se pu<strong>de</strong>ssem mesmo obter alguns docu-<br />

mentos antigos, chegar-se-hia. talvez a reconhecer que<br />

a área do mirandês foi primitivamente ainda mais ex-<br />

tensa, e que, além da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Miranda, on<strong>de</strong> elle<br />

hoje não se falia, mas on<strong>de</strong>, como vimos, se fallou, se<br />

estendia por diversas outras localida<strong>de</strong>s. Todavia, sem<br />

gran<strong>de</strong> cópia <strong>de</strong> elementos, a anályse seria difficil, por-<br />

que ao lado do mirandês podiam existir idiomas intermédios<br />

entre elle, <strong>de</strong> um lado, e o português e o hes-<br />

panhol, do outro. Um dos caracteres do sub-dialecto<br />

trasmontano raiano consiste exactamente neste grau in-<br />

termediário; a cima citei alguns exemplos. Num documento<br />

manuscrito da Torre do Tombo', anterior ao<br />

anno <strong>de</strong> 1 3 1 1 , proveniente do concelho do Mogadouro,<br />

iê-se por vezes sou («seu»), forma que se usa em mi-<br />

randês e noutros fallares populares ; no mesmo documento<br />

também se lê soum («são», do verbo ser), como<br />

em mirandês. Ao Noroeste da Terra-<strong>de</strong>-Miranda fica<br />

Riodonor e Guadramil, on<strong>de</strong> também se faliam dois<br />

idiomas sui generis, em que, se ha elementos iguaes<br />

aos miran<strong>de</strong>ses, ha outros que diíferem. Toda a fron-<br />

teira <strong>de</strong> Tras-os-Montes offerece ao exame do investi-<br />

gador uma notável serie <strong>de</strong> lingoagens, que em muitos<br />

casos se relacionam umas com as outras por quasi<br />

insensíveis pontos <strong>de</strong> transição. Já percorri boa parte<br />

1 Gaveta vii, maço i3, n.» 23. Foi-me communicado pelos<br />

Srs. P. <strong>de</strong> Azevedo, e Ayres <strong>de</strong> Sá, e <strong>de</strong>ve ser inserto num livro<br />

que este último Sr. tem no prelo. Pela analyse da lingoagem, o<br />

documento parece-me ter sido redigido por um hespanhol da<br />

raia, que, escrevendo em português-raiano, <strong>de</strong>ixou transparecer<br />

alguns hespanholismos, como cosa,justicia, quemar, Doniígo, oir.

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