Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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Malhadas. O rei D. Sancho I deu a villa de Malhadas
{villa, no sentido que já a cima, p. 77, indiquei, de
«quinta», «pequeno povoado») a D. Nuno de Çamora,
D. Pedro Ponce, D. Miguel, D. André e D. Salvador,
com a condição de estes fidalgos entrarem na villa de
Bragança e a defenderem, caso esta fosse cercada
alguma vez por inimigos; aconteceu porém que Bra-
gança teve um cerco, e que os fidalgos, mais amigos
das próprias commodidades do que zelosos da honra,
nem a defenderam, nem ahi foram! No reinado de
D. AíTonso III estava Malhadas na posse dos filhos
do primeiro dos mencionados fidalgos, e na do mos-
teiro de Moreruela'.
Comquanto a palavra malhada tenha em português
a significação de barraca para recolher certos animaes,
de cabana de pastor, e de local onde se malha, creio
que é no terceiro sentido que aqui nos apparece como
nome geographico, facto em verdade nada estranho
numa região, como a Terra-de-Miranda, onde tanto
abundam os cercaes, que annualmente tem de ser ma-
lhados. Incidentemente notarei que malhada, neste sen-
tido, é substantivo verbal, tirado do verbo malhar, que
por seu turno vem de malho < lat. mal leu-.
O onomástico geral offerece muitos nomes da mesma
familia de palavras.
S. Martinho de Angueira. A pronúncia mirandesa é
S. Martino d'Angueira, porque, vindo Martinho de
Martinu-, o n conserva-se em mirandês.
D'esta povoação já fallei a p. 38 e nota, onde eu disse
que em antigos documentos tinha o nome de S. Mar-
tinho da Ribeira, e a pag. 63, onde expliquei o sentido
de Angueira; nada tenho pois que accrescentar aqui.
> Vid. sobre todos estes factos as Inquirições de 1). AHonso III,
já citadas.