Estudos de philologia mirandesa - Esycom

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confirmam a conclusão a que cheguei a respeito do
rair. letra e liçôú. Se por tanto a data da palatizaçao
em mirandês não é moderna, também o não é em astu-
riano; um facto apoia o outro'.
112. O L latino intervocalico conserva-se em mirandês
(tanto no normal, como no sendinês); ex. : áo-
lore-^ delor, p i 1 u - > jt7t?/o, malu- > wa/o, volare
^ bolar, sõlu- >so/o, filu->^/o, salire > sa/íV%
pluraes em -ales, -oles, -tles, -ides.
Observação i.**— Esta lei aproxima do hespanhol o
mirandês, mas separa-o radicalmente do português,
onde a manutenção do / intervocalico em palavras de
origem popular é raríssima e só em casos que se explicam,
como pelo (por influencia de cabello) e outros : cf.
Revista Lusitana, n, 372. — Em gallego diz-se também,
como no português de Portugal: dor, mao, voar, so,
ceo, fio, sem / intervocalico. Em berciano, se se diz
muhinos, fio, segundo a mesma lei que regula o português
e o gallego propriamente dito, diz-se também:
maio, solo, dolor, etc.^
Observação 2.'"*—A palavra mirandesa /7oèo, compa-
rada com a lat. populu-, d'onde veiu a port. arch.
povoo, mod. povo, oíferece apparentemente uma exce-
pção á regra do § 112, por isso que não tem o / inter-
vocalico do latim ; mas tal palavra é de origem portu-
guesa: se populu- houvesse evolucionado até hoje no
território mirandês, teria dado, como se disse no § 58-
1 Com o mir. Ihampeda cf. o astur. llámpara (hesp. tampara.—
A minha supposiçao de que em mirandês, pelo menos em alguns
dos subdialectos, se dirá Ihóureiro, derivado de ^/lauru- é con-
firmada pelo astur. Lloreda, nome de lugar que presuppÕe lloro
•< lauru-, embora eu não encontre esta forma nos diccionarios
asturianos que tenho á mão.
2 A minha fonte para o berciano é o livro intitulado Ensayos
poéticos en dialecto berciano, por Soler, León 1861,