29.04.2013 Views

Estudos de philologia mirandesa - Esycom

Estudos de philologia mirandesa - Esycom

Estudos de philologia mirandesa - Esycom

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

272<br />

124- Quando ca, co, cv estão precedidos <strong>de</strong> vogal,<br />

o C abranda em g, que normalmente se conserva; ex.:<br />

baça > baga, *oracula> õuraga ', s p i c a - > spiga,<br />

h a c h o r a > agora, a m i c u - > amigo, y/ 1 a c u - ><br />

Ihagona e Ihagar, secar e > segar, sengo (ex. : tu sós<br />

Q sengo = pateta) < * s e n i c u -<br />

Observação i.* — No português e no hespanhol dão-<br />

se phenomenos análogos.<br />

Observação 2.*— Diz-se cucu < c u c u - , sem abrandamento<br />

<strong>de</strong> g, porque para o espirito a palavra figurava<br />

como rhythmica (onomatopaica), composta <strong>de</strong> duas syl-<br />

labas iguaes que representavam aproximadamente a voz<br />

do cuco; a consciência d'este rhythmo fez conservar o<br />

c medial. Parece-me, pois, que não é necessário recor-<br />

rer á forma hypothetica *cuccus, com cc, corno faz<br />

Kõrting, Lateinisch-romanischesWõrterbuch, § 23 10.<br />

A forma c u c u s , por c u c u 1 u s ( lat. clássico), foi-nos<br />

conservada por S. Isidoro <strong>de</strong> Sevilha.<br />

Observação 3.*—Em Poríiial ou Períual, <strong>de</strong> Por-<br />

t u c a 1 e - , o c latino, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> abrandar em g, — cf.<br />

em port. a forma Portugal—, syncopou-se excepcionalmente;<br />

o mesmo succe<strong>de</strong>u no <strong>de</strong>rivado portités ou per-<br />

tués. — Estas palavras não são, porém, miran<strong>de</strong>sas <strong>de</strong><br />

origem, são <strong>de</strong> origem portuguesa, e propagaram-se á<br />

Terra-<strong>de</strong>-Miranda só pelo sec. xi ou posteriormente,<br />

que foi quando Portugal <strong>de</strong>signou um districto separado<br />

da Galliza^; que a palavra portués ou pcríués não c<br />

miran<strong>de</strong>sa prova-se também pelo facto da syncope do<br />

/ intervocalico, que é contrária á phonetica miran<strong>de</strong>sa<br />

(§ 112).— Inci<strong>de</strong>ntemente notarei que o nome latino do<br />

' Esta forma é commum a outros pontos <strong>de</strong> Tras-os-Montcs:<br />

oraga (que <strong>de</strong>verá talvez ler-se como em mir.) em Rebordainhos;<br />

vid. Annuario das tradições populares portuguesas, p. 23. — A pala-<br />

vra miran<strong>de</strong>sa revela influencia estranha.<br />

2 Vid. os textos que citei no Elencho'das lições <strong>de</strong> Numismá-<br />

tica, II, 5.<br />

.<br />

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!