Estudos de philologia mirandesa - Esycom

2i::>
46. Fora das circumstancias mencionadas nos §§ 44
e 45, o A latino, quer longo, quer breve, conserva-se
geralmente em mirandês, o que constitue o facto normal.
Ex. : ãla- > ala; mãtre- > mat; verbos em
-ãre > -ar; fáme- > /hwe; pátre- >/?a/; ãquila-
> átgla ou áigiiela; àngelu-> ãjo; quàsi > quaji;
ãere- > awe; *montãnea- > muntanha ; -aciv
(-ACEv), -ATiv dão -aço, como se vê em brãciu-
(bracchium) > braço, s p ã t i u - > espaço.
Observação. Quando se formou o ditongo ai empai,
mai, aigla, quaji e aire, já tinha terminado a epocha em
que ai se modificava em ei (§ 44); senão aquellas palavras
conteriam ei e não ai. Assim se explica também
?^aiba e aipo (§ 44-OBS. i). Eis pois aqui, como creio,
alguns elementos para o estudo da chronologia phone-
tica em mirandês (cf. § 45-Obs. 2). Esta chronologiy,
se está de accôrdo com o que se passa em português,
nem sempre o está porém com o que se passa em
hespanhol:
a) phenomenos concordantes:
lat. mir. port. hesp.
*aio (habeo): hei hei he.
b) phenomenos discordantes:
)at. mir. port. hesp.
capiam: caba- caiba quepa.
No hespanhol quepa o p conservou-se, porque a metathese
do i deu-se antes da epocha do abrandamento
do p intervocalico ; no português a metathese deu-se
depois d'essa epocha: isto é, quepa