Estudos de philologia mirandesa - Esycom

468
b) Nas seguintes phrases que colhi em contos popu-
lares, os pronomes pcssoaes empregam-se pleonastica-
mente; ex.:
«i dixo-le pa la rapó/a»,
«i di-Pa 1 tõu amo»,
«di-Fa tõu pai» (trad.: dize-lhe a teu pai),
«tu que le fáis a las parras?»,
«que le fura preguntar a 1 princepe»,
«a quiç Cristo le dixo».
A esta particularidade já me referi no meu opúsculo
O dialecto mirandês, 1882, p. 27.
c) Na coUocação, o mirandês umas vezes aproxima- se
do português, como nos seguintes ex.: querie-le-lo (=
queria-lh'o), bení-mc-lo de^ir (=-- vinde m'o dizer), «//'
me Is mates (= não m os mates), u se te la hende (=
ou se t'a vende), heis-bos-d' ir (= heis-vos d'ir,— em
port. pop.; no litterario: haveis de vos ir); outras vezes
não, como no seguinte exemplo, colhido num conto:
bai, las Ihaba naquél cântaro (= vae, lava-as, etc).
d) No seguinte exemplo ha uma particularidade de
syntaxe castelhana: «a la galana se lo mete» (= lh'o
mete'». Será porém ella geral?
e) Analogamente ao português, mas ao contrário do
hespanhol litterario moderno, o mirandês pôde antepor
o artigo aos pronomes possessivos; ex.: «na ordene d' la
site turma^», «fui õubida la túe ouraciõG^», «nú deste
credito a las mies palabras^». Não vale a pena accumular
exemplos de um facto tão geral como este. Se em
1 Citado no meu opúsculo O dialecto mirandês, p. 27.— Cf.
Schuchardt, in Literaturblatt filr germanische und romanische
Philologie, i883, p. uo.
2 Bernardo Fernandes Monteiro, in Revista de educação e en-
sino, XI, i53.
3 Id., ibid.. ibid., ibid.
I Id., ibid., ibid., 154.