Estudos de philologia mirandesa - Esycom

o da allitteração e da rima, pois a villa, estendida nas
margens do Tua, é pittoresca, e tinha, para matar a
fome e a sede dos passageiros, boa vitella e melhor
vinho-ver de.
Vêem os leitores que a viagem foi demorada. Se eu
a isto accrescentar que a diligência não offerecia commodos
de qualidade nenhuma, e, pelo contrário, nos
levava aos solavancos, sem nos deixar dormir um mo-
mento, comprehenderão que conseguir o prazer de ouvir
in loco dois ditongos mirandeses não custa tão pouco
como á primeira vista parece.
A'aleu-nos ao menos pelo caminho a óptima, e de
mim sempre lembrada, companhia do meu excellente
amigo, o Rev.'^" P.^ António Caetano Vaz Pereira, de
Parada, a par de Bragança, o qual, apesar de só então
travar conhecimento comigo, logo na nova viagem que
fiz a Tras-os-Montes, no anno seguinte, me acolheu na
sua casa, e, alem de me dar algumas informações lin-
guisticas á cerca da Beira-Baixa, onde elle tinha estado,
me auxiliou muito nos estudos a que eu nesse anno
procedi nos domínios da dialectologia e ethnographia
tana, i, 277 e 35o nota, reuni alguns elementos para o estudo da
allitteração.
Este processo rhythmico tinha bastante importância na antiga
lingoa latina, constituindo mesmo um dos caracteres do verso sa-
turnino, horridus numeras Saturnius, como lhe chama Horácio
nas Epistulas, II, i, i57-i58.—A cerca da allitteração vid. os
seguintes trabalhos, alem de outros (dos quaes mencionei alguns
na referida Revista Lusitana, loc. cit.):
Wõlfflin, Ueber die allitterierenden Verbindiingen der latei-
nischen Sprache (nas Actas da Academia das Sciencias da Ba-
viera, de II de Junho de 1881);
Weise, Les caracteres de la langue latine, Paris 1896, p. 119 sqq;
D. Carolina Michaélis, Studien jur romanischen Wortschõpfung,
Leipzig 1876, p. 25 sqq;
1893.
F. Kriette, Die Allitteraiion in der italienischen Sprache, Halle