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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

1 - EMIGRAÇÃO E RETORNO<br />

- uma problemática<br />

1.1 - Ponto de parti<strong>da</strong><br />

... estes indivíduos que <strong>no</strong> Brazil são chamados portugueses e<br />

entre nós brazileiros.<br />

J. Tabner de Moraes1 Todos os a<strong>no</strong>s, ao longo do século passado, alguns milhares de emigrantes do<br />

Norte de Portugal largavam <strong>da</strong> barra do Douro, atravessavam em lentos e incómodos<br />

veleiros o Ocea<strong>no</strong> e desembarcavam nas terras do Brasil.<br />

Era um movimento de pessoas cuja importância numérica ganhou significado<br />

ao longo do século XVIII e se sedimentou na barra portuense à medi<strong>da</strong> que o Porto<br />

polarizou o dinamismo económico do Norte. Polarização, em grande parte,<br />

encoraja<strong>da</strong> pelas medi<strong>da</strong>s administrativas que, desde o pombalismo, contribuíram<br />

para despojar os outros <strong>porto</strong>s provinciais do seu tradicional papel de plataformas <strong>no</strong><br />

diálogo luso-brasileiro.<br />

Vencedora nesta "guerra" regional que lhe assegura o controlo dos veleiros<br />

que interferiam na eco<strong>no</strong>mia atlântica, a barra do Douro vai tornar-se o principal<br />

<strong>porto</strong> de escoamento <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> <strong>oitocentista</strong> com origem <strong>no</strong> vasto "hinterland" de<br />

entre Minho e Vouga, mas aonde o lugar prioritário cabia, sem dúvi<strong>da</strong>, ao distrito do<br />

Porto. Esta activi<strong>da</strong>de de transporte de emigrantes torna-se tanto mais importante<br />

quanto decaem, após as vicissitudes <strong>da</strong> independência do Brasil, as relações<br />

comerciais de origem colonial que animavam um tráfico intenso entre os dois lados<br />

do Atlântico. Então, <strong>no</strong> dizer (reducionista) de Ricardo Jorge, "esta oficina de<br />

exportação funcionava em cheio e numa simplici<strong>da</strong>de pitoresca. O rapaz, que vinha<br />

descalço <strong>da</strong> sua aldeia, vestia a roupa <strong>no</strong>va de cotim, de jaqueta ao ombro, calçava<br />

chinelas de carnaz e cobria-se com o chapéu braguês. A bagagem era a caixa de<br />

pinho, compra<strong>da</strong> na chama<strong>da</strong> Feira <strong>da</strong>s Caixas, de tamanha que era ali a provisão.<br />

No surgidoiro estreito do Doiro, cavado entre ribanceiras empina<strong>da</strong>s, ancorava a<br />

frota de barcas, brigues, escunas e hiates, numa rede de mastros, vergas e cor<strong>da</strong>me,<br />

1 In Primeiro Inquérito Parlamentar sobre a Emigração Portugueza pela Commissão <strong>da</strong> Camara dos<br />

Senhores Deputados, Lisboa, Imprensa Nacional, 1873, p.177.<br />

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