15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 233<br />

acompanhantes nem se alarga a to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong>des, <strong>da</strong>í que se ig<strong>no</strong>re, quase<br />

sistematicamente, a profissão dos me<strong>no</strong>res de 14 a<strong>no</strong>s. Este último é um facto que não<br />

admira, já que seria difícil atribuir uma ocupação a quem acaba de sair <strong>da</strong> casa paterna, às<br />

vezes sem qualquer tirocínio profissional. No entanto, já vimos como é forte a<br />

componente juvenil desta <strong>emigração</strong>, sobretudo para os primeiros a<strong>no</strong>s deste estudo, o<br />

que impõe, desde logo, fortes limitações a qualquer análise desta variável. É certo que<br />

muitos destes jovens que partem pelos 14 a<strong>no</strong>s se destinam às casas de comércio, mesmo<br />

quando de extracção rural, enquadrados pelas "recomen<strong>da</strong>ções": nestes casos, a profissão<br />

inicia-se pela base, pelo lugar de marça<strong>no</strong>, ao contrário dos caixeiros que partem já com<br />

esse estatuto e, portanto, em i<strong>da</strong>de mais tardia, por volta dos 20 a<strong>no</strong>s ou mais, conforme<br />

as épocas e a legislação militar. No entanto seria inevitável a dispersão por outras<br />

profissões, já que nem sempre o processo <strong>da</strong>s "recomen<strong>da</strong>ções" funcionava do modo<br />

esperado e, muitas vezes, nem sequer havia recomen<strong>da</strong>ção de qualquer espécie, como <strong>no</strong><br />

período "negro" do engajamento, o qual se tor<strong>no</strong>u responsável pela transposição de<br />

jovens de baixa condição social, desprotegidos, à mercê do locador de serviços e logo<br />

drenados para as fazen<strong>da</strong>s do interior.<br />

Condicionados pelos <strong>da</strong>dos existentes, fazemos o reconhecimento possível <strong>da</strong>s<br />

profissões dos emigrantes declara<strong>da</strong>s à sua parti<strong>da</strong>, agrupando-as por activi<strong>da</strong>des, por sua<br />

vez indexa<strong>da</strong>s à classificação por sectores. Numa primeira fase, fizemos o levantamento<br />

anual e sistemático dos <strong>da</strong>dos existentes (Anexos 5.8). Em face <strong>da</strong> existência de a<strong>no</strong>s em<br />

que a sua referência é esporádica, seleccionamos os períodos (1840-49; 1860-64; 1874-<br />

1879, 1889 e 1899) em que o registo se tor<strong>no</strong>u mais intensivo e assegura uma<br />

representativi<strong>da</strong>de superior a 50% do fluxo, na sua componente masculina de maiores de<br />

14 a<strong>no</strong>s. Refira-se que a partir de 1874 o registo <strong>da</strong>s ocupações nesta componente se<br />

torna praticamente sistemático, com percentagens de representativi<strong>da</strong>de na ordem dos<br />

90%, às vezes próximas de 100% . Um resumo dessa selecção pode ser observa<strong>da</strong> <strong>no</strong><br />

Quadro 5.8, contendo apenas a discriminação por activi<strong>da</strong>des e sectores, pois a longa<br />

série de profissões, às vezes sem grande significado quantitativo pode ser analisado <strong>no</strong>s<br />

anexos referidos e a elas se fará referência <strong>no</strong> texto.<br />

Naturalmente que este tipo de classificação é discutível. Nas socie<strong>da</strong>des<br />

tradicionais é difícil discernir aonde começam e acabam as ligações à terra, pois como já<br />

vimos em capítulo anterior, a via do "ofício" é muitas vezes complementar à <strong>da</strong><br />

exploração agrícola, que na sua configuração de minifúndio, é assegura<strong>da</strong> <strong>no</strong> dia-a-dia<br />

pela mulher e filhos, com o auxílio do chefe de família nas épocas de maior trabalho<br />

(sementeiras e colheitas), o qual, entretanto, procura rentabilizar fora o seu trabalho e/ou<br />

o de alguns filhos. Também o agrupamento de secundário se refere à multiplici<strong>da</strong>de de

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!