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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 296<br />

6.1 - Imagens e alguns números<br />

A imagem oficial ou oficiosa que <strong>no</strong>s é forneci<strong>da</strong> pelos contemporâneos sobre os<br />

Portugueses <strong>no</strong> Brasil não é a de indivíduos que vivam isolados, acumulando riqueza<br />

para depois a transferirem para a terra natal. Quando chegam a acumular capital, a<br />

generali<strong>da</strong>de investe <strong>no</strong> Brasil, que <strong>no</strong> século passado experimentou um grande<br />

crescimento económico e se apresentava como um dos grandes países do futuro, ple<strong>no</strong> de<br />

oportuni<strong>da</strong>des. Não raramente o português assume posições de liderança, fixa a sua<br />

riqueza ao solo brasileiro, forma família, sedentariza-se. Sob o ponto de vista individual,<br />

não vemos melhor forma de sucesso, ain<strong>da</strong> que isso possa defrau<strong>da</strong>r as estratégias<br />

familiares de parti<strong>da</strong> ou os interesses gerais <strong>da</strong> Nação.<br />

6.1.1 - Opiniões consulares<br />

Se recorrermos aos resultados do inquérito sobre as colónias portuguesas em<br />

países estrangeiros promovido pela Socie<strong>da</strong>de de Geografia de Lisboa em 1881, podemos<br />

colher algumas imagens eluci<strong>da</strong>tivas sobre os comportamentos <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> portuguesa.<br />

Em Pernambuco, por exemplo, "os portuguezes fixam-se <strong>no</strong> paiz, ligam-se pelo<br />

casamento, criam familia e adquirem proprie<strong>da</strong>de", aplicando-se <strong>no</strong> comércio, <strong>no</strong>s<br />

ofícios e artes mecânicas, mais raramente em fábricas ou nas artes liberais. Têm o hábito<br />

de se concentrar na capital <strong>da</strong> província (Recife) ou em outras ci<strong>da</strong>des e vilas, não<br />

havendo <strong>no</strong>tícias de colónias agrícolas com eles2 .<br />

No Maranhão, a imigração é atraí<strong>da</strong> "pelo convite protector de parentes e amigos,<br />

que constituem o nucleo sedentario e prospero <strong>da</strong> colonia. Assim quasi todos deparam<br />

ingresso prompto na carreira commercial, que é a mais suave e lucrativa, e onde, com<br />

mediana inteligência e activi<strong>da</strong>de, se obtem em me<strong>no</strong>s tempo uma lisonjeira abastança,<br />

para a qual concorre principalmente a facili<strong>da</strong>de dos patrões em associarem os<br />

caixeiros aos interesses do seu commercio". No comércio distinguia o informador três<br />

categorias: a dos grandes comerciantes (importadores, exportadores e vendedores por<br />

atacado), os lojistas e a dos quitandeiros. Enquanto os portugueses dominavam por<br />

completo as duas últimas, começavam, então, a sofrer a concorrência dos nacionais na<br />

2 GUIMARÃES, Claudi<strong>no</strong> de Araujo, "Colonias Portuguezas em Paizes Estrangeiros -XVII - Em<br />

Pernambuco", Boletim <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de de Geographia de Lisboa, 3ª serie, nº 4, Lisboa, Imprensa Nacional,<br />

1882, pp. 228-234.

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