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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 259<br />

mesmo sentido ia a opinião do cônsul do Pernambuco, que embora considerando a<br />

instrução dos emigrantes rudimentar, salientava o papel na aprendizagem local, em<br />

escolas brasileiras, reconhecendo o desnível entre os seus cálculos do analfabetismo<br />

existente na colónia, que estimava apenas em 10%, e os <strong>da</strong>s estatísticas oficiais<br />

portuguesas94 .<br />

5.8 - Contratados<br />

Neste interrogatório a que vimos procedendo de forma a reconhecermos os<br />

emigrantes que saíam do Porto, uma questão que deve ain<strong>da</strong> ser coloca<strong>da</strong> é a de sabermos<br />

qual a relação de trabalho que os envolve à parti<strong>da</strong>. Isto é, quantos são os trabalhadores<br />

contratados e qual é, complementarmente, a proporção de trabalhadores livres de<br />

contrato?<br />

No capítulo anterior procurámos estabelecer o quadro-problema dos "engajados",<br />

o papel e os interesses do Brasil e seus agentes <strong>no</strong> processo de atracção, bem como as<br />

posições ambíguas <strong>da</strong> administração portuguesa, combatendo o processo pela legislação,<br />

mas usando na prática de grande permissivi<strong>da</strong>de. Vimos como o volume destes<br />

emigrantes que partiam com contrato prévio e sujeitos à legislação específica para<br />

colo<strong>no</strong>s, chegou a atingir os 25% do fluxo saído pela barra do Porto <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1855,<br />

para depois descer lentamente, desaparecendo <strong>no</strong>s meados dos a<strong>no</strong>s 60. Mas qual é a<br />

representação de "engajados" na <strong>emigração</strong> específica do distrito do Porto, isto é, dos que<br />

residiam <strong>no</strong> distrito e aí obtiveram passaporte? Importa aqui relembrar que é, por esta<br />

altura que se intensifica a saí<strong>da</strong> de residentes de outros distritos, vindos directamente para<br />

o Porto com esse objectivo, trazendo consigo os passaportes tirados <strong>no</strong>s respectivos<br />

gover<strong>no</strong>s civis e <strong>no</strong>s quais a autori<strong>da</strong>de distrital do Porto se limitava a pôr um visto,<br />

efectuando o registo <strong>da</strong> identificação. Aju<strong>da</strong>vam, assim, a engrossar o cau<strong>da</strong>l que<br />

tradicionalmente saía <strong>da</strong> barra do Douro95 . Tratava-se, sem dúvi<strong>da</strong>, de uma acção dos<br />

Socie<strong>da</strong>de de Geographia de Lisboa, nºs 5-6, 31ª série, Maio-Junho de 1913, p. 215. Um exemplo vivo e<br />

muito conhecido <strong>da</strong> aprendizagem escolar <strong>no</strong> Brasil por parte destes emigrantes é o de Francisco Gomes de<br />

Amorim, natural <strong>da</strong> Póvoa de Varzim, que partindo para o Pará, pelos 10 a<strong>no</strong>s de i<strong>da</strong>de, mais ou me<strong>no</strong>s<br />

analfabeto, dez a<strong>no</strong>s depois regressa a Portugal, com o patrocínio de Garrett, tornando-se um escritor de<br />

mérito, autor de uma numerosa bibliografia, aonde perpassam frequentemente os dramas <strong>da</strong> <strong>emigração</strong>.<br />

94 Cf. SANTOS, José Augusto Ribeiro de, "O consul de Portugal <strong>no</strong> Pará á Socie<strong>da</strong>de de Geographia de<br />

Lisboa", Boletim <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de de Geographia de Lisboa, nºs 8-9, 31ª série, Agosto-Setembro de 1913, p.<br />

293.<br />

95 O cau<strong>da</strong>l emigratório <strong>da</strong> barra do Douro para o Brasil compreende várias componentes: 1) os que saíam<br />

com passaporte do Gover<strong>no</strong> Civil do Porto, porque naturais ou residentes aí há mais de 6 meses; 2) os que

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