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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 325<br />

comercial, sobretudo por parte dos que partiram jovens sem indicação de ocupação<br />

anterior, aju<strong>da</strong>ndo a criar a imagem de que vão quase todos para o comércio. No entanto,<br />

os números indicam que, mesmo assim, cerca de 60% dos que voltaram na<strong>da</strong> tinham a<br />

ver com o comércio ou activi<strong>da</strong>des afins, vindo antes do campo industrial ou agrícola.<br />

Se pensarmos agora em termos de investimentos, que informações temos sobre a<br />

aplicação dos capitais destes emigrantes de <strong>retor<strong>no</strong></strong>?<br />

Compulsando os <strong>da</strong>dos do Inquérito ficamos a saber que 40% (313) tinham<br />

enviado, enquanto emigrados, subsídios à sua família num valor total de 176 contos de<br />

réis (uma média de 562 mil réis por ca<strong>da</strong> um), embora haja uma dispersão enquadra<strong>da</strong><br />

entre os 100 mil réis e os 2 contos de réis. Cerca de 34% <strong>da</strong> população aqui analisa<strong>da</strong>, o<br />

que corresponde a 264 retornados, tinham adquirido proprie<strong>da</strong>des em Portugal num total<br />

de 679 contos de réis (média de 2573$800). Por outro lado, 24% (184) tinham realizado<br />

benfeitorias nas proprie<strong>da</strong>des patrimoniais ou adquiri<strong>da</strong>s <strong>no</strong> valor total de 254 contos de<br />

réis ( média de 1381$290).<br />

Ain<strong>da</strong> <strong>no</strong> domínio do investimento, o inquérito procurava saber as aplicações<br />

realiza<strong>da</strong>s em estabelecimentos comerciais e fabris. É uma questão que se encontra<br />

claramente prejudica<strong>da</strong> pela ausência de <strong>da</strong>dos sobre a ci<strong>da</strong>de do Porto, já que era aí que<br />

mais se verificava tal facto. Assim, as informações aduzi<strong>da</strong>s neste campo para os 14<br />

catorze concelhos que têm vindo a ser analisados, não tem qualquer significado<br />

quantitativo, mas comporta algum interesse qualitativo.<br />

Em Amarante (Jazente), Mamede Nunes, com 37 a<strong>no</strong>s, e que se ausentou apenas<br />

5 a<strong>no</strong>s para o Brasil, onde trabalhou como hortelão, além de ter enviado 100 mil réis à<br />

família, regressara com dois contos de réis, o que lhe permitiu estabelecer uma mercearia<br />

cujo valor material ron<strong>da</strong>va os 200$000 e tinha de movimento 120$000 anuais,<br />

alcançando a independência profissional e a auto<strong>no</strong>mia tão deseja<strong>da</strong>s pelo emigrante de<br />

<strong>retor<strong>no</strong></strong> em to<strong>da</strong>s as épocas.<br />

No concelho <strong>da</strong> Póvoa de Varzim, em Amorim, dois "brasileiros", depois de<br />

comprarem ca<strong>da</strong> qual uma proprie<strong>da</strong>de <strong>no</strong> valor de 300$000, montaram "loja de pezos e<br />

medi<strong>da</strong>s", ca<strong>da</strong> uma com o valor de 200$000 e movimento anual de 15$000, com as<br />

pequenas quantias que trouxeram <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de comercial que tinham exercido. Trata-se<br />

de Manuel António <strong>da</strong> Silva, 39 a<strong>no</strong>s de i<strong>da</strong>de, 10 de <strong>emigração</strong> e capital de 500$000 e<br />

Francisco Gomes Morim, 43 de i<strong>da</strong>de, 8 de <strong>emigração</strong> e capital de 1500$000. Já José<br />

Martins de Oliveira (51 de i<strong>da</strong>de), residente na vila, apresentava uma imagem mais bem<br />

sucedi<strong>da</strong>, pois dos seus 22 a<strong>no</strong>s do Brasil, onde trabalhara como alfaiate, trouxe 25<br />

contos de réis, o que lhe permitiu comprar uma proprie<strong>da</strong>de por 6 contos, gastar em

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