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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

seriam cíclicas e temporárias; à medi<strong>da</strong> que a mortali<strong>da</strong>de começa a decair e a<br />

natali<strong>da</strong>de não a acompanha de imediato resulta um excedente de população nas<br />

zonas rurais que se dirige para as ci<strong>da</strong>des industriais ou para o estrangeiro,<br />

verificando-se um salto na mobili<strong>da</strong>de geográfica de vários tipos; com a progressiva<br />

reposição do equilíbrio mortali<strong>da</strong>de/natali<strong>da</strong>de, agora a níveis baixos, e a diminuição<br />

do crescimento populacional, verifica-se uma diminuição <strong>da</strong> mobili<strong>da</strong>de geográfica<br />

anterior (rural-urba<strong>no</strong>, e internacional), emergindo, porém, <strong>no</strong>vas formas migratórias<br />

de mobili<strong>da</strong>de intra ou inter-urbanas, respondendo às necessi<strong>da</strong>des internas do<br />

mercado industrial de mão-de-obra26 , e surgindo as migrações internacionais como<br />

controla<strong>da</strong>s. Com aplicabili<strong>da</strong>de na Europa e América do Norte, estas explicações<br />

estão longe de responder às inúmeras situações (demasia<strong>da</strong>s para serem excepções)<br />

vin<strong>da</strong>s, sobretudo, dos países em vias de desenvolvimento, mas também de alterações<br />

recentes verifica<strong>da</strong>s em países europeus que vivem alguma recuperação em zonas<br />

rurais, pelo que se tem de reconher a limitação destes desenvolvimentos teóricos.<br />

As dificul<strong>da</strong>des de teorização <strong>no</strong> campo dos fenóme<strong>no</strong>s migratórios não pode,<br />

porém, ser confundi<strong>da</strong> com indigência na investigação, devendo apenas conexionarse<br />

com a natureza do fenóme<strong>no</strong>, que ultrapassa os domínios do demográfico e do<br />

económico para se plasmar <strong>no</strong> psicológico, <strong>no</strong> sociológico e <strong>no</strong> cultural, sendo estes<br />

de difícil quantificação e limitando por isso, de forma decisiva, a metodologia<br />

quantitativa.<br />

De facto, desde 1885 que há um esforço continuado para estabelecer<br />

regulari<strong>da</strong>des ou "leis" migratórias. É nessa altura que Ernest Ravenstein, <strong>no</strong><br />

seguimento de pesquisas empíricas sobre a mobili<strong>da</strong>de em Inglaterra, apresenta um<br />

conjunto de proposições que estabelecem a teoria <strong>da</strong> "migração por passos<br />

sucessivos", as quais tiveram uma aceitação duradoura entre os estudiosos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

urbana. Em suma, as linhas de força <strong>da</strong>s "leis de Ravenstein" enunciam os seguintes<br />

princípios:<br />

- a maioria dos migrantes deslocam-se segundo pequenas distâncias,<br />

preferindo os grandes centros industriais e comerciais;<br />

- os movimentos de centripetação podem ser configurados como esquemas<br />

concêntricos, com atracção prioritária dos habitantes <strong>da</strong>s zonas periféricas,<br />

criando-se aqui vazios que são preenchidos por indivíduos <strong>da</strong>s zonas<br />

seguintes, em alargamentos sucessivos, pelo que o número de migrantes numa<br />

ci<strong>da</strong>de surge como uma função decrescente <strong>da</strong> distância e proporcional à<br />

população <strong>da</strong> zona de origem;<br />

26 Cf. COURGEAU, Daniel, Analyse Quantitative des Migrations Humaines, Paris, Masson, 1980, pp.<br />

217-220.<br />

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