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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 313<br />

1872 - 57 33<br />

É certo que as variações <strong>no</strong>s números de negociantes brasileiros <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de podem<br />

dever-se à variações na quali<strong>da</strong>de dos almanaques, e há casos de variações de<br />

nacionali<strong>da</strong>de entre os próprios negociantes, em que alguns "brasileiros" passam depois a<br />

portugueses, para o que bastava apresentar um requerimento à Câmara Municipal, ao<br />

sabor <strong>da</strong>s conveniências de momento. Mas a ver<strong>da</strong>de é que a evolução observa<strong>da</strong> está em<br />

sintonia com outro tipo de informações que <strong>no</strong>s falam de <strong>retor<strong>no</strong></strong>s importantes <strong>no</strong>s finais<br />

<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 40 e inícios de 50, quer devido a tumultos anti-portugueses34 , quer por<br />

receio dos frequentes surtos de febre-amarela <strong>no</strong> Brasil, factos que teriam levado muitos<br />

portugueses a venderem os seus bens e retornarem com elevados capitais35 , e uma vez cá<br />

não ficaram parados, tentando reiniciar a activi<strong>da</strong>de comercial. Depois, o volume de<br />

negociantes decai, mostrando que não havia a re<strong>no</strong>vação necessária à colónia,<br />

acompanhando a que<strong>da</strong> que se verifica <strong>no</strong> comércio entre o Porto e o Brasil já assinala<strong>da</strong>.<br />

Naturalmente que os "brasileiros" não eram todos negociantes, entre eles havia<br />

mulheres e crianças, e dos homens muitos viviam apenas dos rendimentos, não exercendo<br />

qualquer activi<strong>da</strong>de, bem como outros que desenvolviam activi<strong>da</strong>des diversas.<br />

Infelizmente, as publicações sobre os censos só a partir de 1890 indicam a repartição <strong>da</strong><br />

população por nacionali<strong>da</strong>des, não obstante esta variável ter sido recolhi<strong>da</strong> já <strong>no</strong> censo<br />

realizado em 1864, números que obviamente só podem ser tomados como uma reali<strong>da</strong>de<br />

correlativa, <strong>da</strong><strong>da</strong> a sua estreita conexão com os "brasileiros" de <strong>retor<strong>no</strong></strong>, ex-emigrantes.<br />

Representam, essencialmente, os emigrantes retornados nacionalizados, as suas mulheres<br />

<strong>no</strong> caso de serem brasileiras e, sobretudo, os seus descendentes, filhos nascidos <strong>no</strong> Brasil<br />

que acompanharam os pais <strong>no</strong> seu regresso, fornecendo-<strong>no</strong>s uma pequena ideia de que<br />

deveria ser bastante mais volumoso o número total de residentes retornados do Brasil.<br />

Para 1864, eis algumas informações relativamente a duas freguesias do Porto, na altura<br />

publica<strong>da</strong>s na imprensa:<br />

Freguesia <strong>da</strong> Sé - 68 brasileiros (48 homens, 20 mulheres) 36 ;<br />

Freguesia do Bonfim - 90 brasileiros (49 h., 41 m. ) 37 .<br />

Typographia Constitucional, 1862, pp. 120-156.<br />

33 Idem, Almanach Portuense para 1872, Porto, Typographia Lusitana, 1871, pp. 295-342<br />

34 Particularmente os de Pernambuco em 1848.<br />

35 Cf. VOGEL, Charles, Le Portugal et Ses Colonies, Paris, Guillaumin et Cª, 1860, p. 116.<br />

36 Segundo relatórios apresentados ao administrador do Bairro e publicados n' O Commercio do Porto de<br />

15. 2.1864. Na Sé contaram-se 644 estrangeiros, sendo, além dos brasileiros, 535 espanhóis, 23 italia<strong>no</strong>s,<br />

17 franceses e 1 dinamarquês.<br />

37 Ibidem, de 27 de Janeiro de 1864. Num total de 263 estrangeiros, havia ain<strong>da</strong> 153 espanhóis, 8<br />

franceses, 2 suíços, 3 italia<strong>no</strong>s, 4 ingleses, 3 mexica<strong>no</strong>s).

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