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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 276<br />

com o passaporte de portuguez todos elles estão livres logo que tenhão <strong>da</strong>do ahi a<br />

fiança. Os seus generos ain<strong>da</strong> estão em ser como lhe comuniquei em dezassete do<br />

corrente..." 114<br />

Voltando à análise <strong>da</strong>s naturali<strong>da</strong>des dos emigrantes, se utilizarmos a informação<br />

mais minuciosa do anexo 5.9, podemos descer ao nível concelhio e localizar centros onde<br />

esta migração para o distrito do Porto mantém uma certa estabili<strong>da</strong>de e atinge volumes<br />

significativos, enquanto outros surgem esporadicamente, com oscilações bruscas. Há<br />

concelhos que continuamente enviam dezenas (por vezes centenas) de homens para o<br />

Porto: Feira e Oliveira de Azeméis, em Aveiro, Vila Nova de Famalicão, Guimarães,<br />

Barcelos, Fafe, <strong>no</strong> distrito de Braga, são os melhores exemplos. Já concelhos como Póvoa<br />

de Lanhoso ou Vieira, em Braga, surgem com quantitativos muito variáveis, o mesmo<br />

acontecendo com os concelhos do distrito de Vila Real e Viseu. Os primeiros, além <strong>da</strong><br />

sua maior contigui<strong>da</strong>de geográfica, apresentavam, porventura, uma maior similitude na<br />

estrutura social, onde o papel do dispositivo <strong>da</strong> "doação" libertava anual e continuamente<br />

um certo excedente populacional. Os segundos, mais afastados geograficamente,<br />

apresentariam diferenças de estrutura social significativas, com a partilha <strong>da</strong>s terras mais<br />

incrementa<strong>da</strong>, debilitando a socie<strong>da</strong>de em geral, tornando-a mais sensível à quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />

colheitas e crises de produção e consumo, funcionando a migração como a válvula de<br />

escape <strong>no</strong>s momentos de maior aflição. Uma hipótese explicativa que só outros tipos de<br />

estudos podem confirmar.<br />

De qualquer modo, esta migração interna prévia à <strong>emigração</strong> assume uma<br />

importância que não se pode ig<strong>no</strong>rar, em termos de pesquisa social. Constitui até um<br />

exemplo flagrante <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des de análise dos movimentos migratórios, que, pela sua<br />

natureza, são incompatíveis com a vocação positivista do quantitativismo rigoroso, pois<br />

confrontamo-<strong>no</strong>s com movimentos fugidios ao observador, qual areia que se escapa por<br />

entre os dedos <strong>da</strong> mão. Um exemplo claro é o que se passa em relação ao distrito de<br />

Viana, o único que, neste contexto, podemos utilizar, por estarem contabilizados os<br />

passaportes emitidos <strong>no</strong> respectivo Gover<strong>no</strong> Civil para este período115 . Comparando o<br />

volume de emigrantes de Viana saídos com passaporte aí emitido com o volume de<br />

emigrantes naturais do mesmo distrito, mas com migração prévia para o Porto e que aqui<br />

requereram o respectivo passaporte, observa-se a existência de épocas em que a<br />

<strong>emigração</strong> deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong> migração interna se sobrepõe à oficialmente considera<strong>da</strong> de Viana<br />

(Gráf. 5.16). No total do período (1836-1860) a <strong>emigração</strong> de Viana com passaporte do<br />

Porto (2243 indivíduos) é de 68% relativamente à saí<strong>da</strong> com passaporte emitido naquela<br />

114 A.G.C.P., ibidem.<br />

115 Cf. RODRIGUES, Henrique Fernandes, ob. cit.

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