15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 61<br />

estrutura e evolução entre 1796-1831, sofre um rude golpe a partir de 1810, <strong>da</strong>do o<br />

tratado com a Inglaterra retirar à metrópole o exclusivo comercial com o Brasil e<br />

estabelecer a liber<strong>da</strong>de de comércio com as nações amigas, facto que na prática vinha já<br />

acontecendo desde 1808, com a transferência <strong>da</strong> corte portuguesa para o Rio de Janeiro,<br />

sob a tutela inglesa 52 . Uma reinterpretação recente <strong>da</strong>s "Balanças", leva<strong>da</strong> a cabo por<br />

Valentim Alexandre, com base na correcção <strong>da</strong> sistematização interna na discriminação<br />

dos produtos, veio valorizar a importância do mercado local como fornecedor de<br />

produtos para o Brasil, contra a tese bastante divulga<strong>da</strong> de o Porto (e Portugal) constituir<br />

essencialmente um "ponto de rotação" de mercadorias importa<strong>da</strong>s do Norte <strong>da</strong> Europa,<br />

prolongando até mais tarde a ideia que <strong>no</strong>s advém do caso referente a Pedro Gomes<br />

Simões, acima exposto 53 . Além disso, conforme se pode observar pela representação<br />

gráfica dos produtos industriais exportados do Porto para o Brasil (Gráf. 2.2), bem como<br />

dos principais produtos (linifícios, ferragens portuguesas e vinhos), a quebra <strong>da</strong> difícil<br />

conjuntura de 1808-10 apresenta alguma recuperação posterior, mostrando, segundo<br />

Valentim Alexandre, que a mu<strong>da</strong>nça estrutural é, fun<strong>da</strong>mentalmente, posterior a 1818,<br />

mas onde o lugar principal dos produtos exportados passa a ser ocupado gradualmente<br />

pelo vinho, em especial o vinho do Porto 54 .<br />

52 Para Borges de Macedo, a quebra do comércio com o Brasil começa a sentir-se por 1802, devido à<br />

concorrência inglesa sobre as manufacturas nacionais e à introdução dos respectivos tecidos em Portugal<br />

para reexportação. Cf. MACEDO, Jorge Borges, Problemas de História <strong>da</strong> Indústria Portuguesa <strong>no</strong><br />

Século XVIII, Lisboa, Querco, 2ª edição, 1983, pp. 235-247.<br />

53 ALEXANDRE, Valentim, "Um Momento Crucial do Subdesenvolvimento Português: Efeitos<br />

Económicos <strong>da</strong> Per<strong>da</strong> do Império Brasileiro", Ler História, nº 7, 1986, pp. 3-45. As suas posições não são<br />

isentas de polémica. Cf., a este respeito, o debate inserto in Penélope - Fazer e Desfazer a História, nº 3,<br />

1989 : LAINS, Pedro, "Foi a Per<strong>da</strong> do Império Brasileiro um Momento Crucial do Desenvolvimento<br />

Português ?" (pp.92-102) e ALEXANDRE, Valentim, "Um Passo em Frente e Dois à Rectaguar<strong>da</strong>:<br />

Resposta à Nota Crítica de Pedro Lains" (103-110). O debate prolonga-se ain<strong>da</strong> pelo nº 5 <strong>da</strong>quela revista.<br />

54 ALEXANDRE, Valentim, Os Sentidos do Império - Questão Nacional e Questão Colonial na Crise do<br />

Antigo Regime Português, 3 volumes, Lisboa, UNL, dissertação de doutoramento, 1988. Para o gráfico<br />

utilizámos os quadros CXIX, CXXI, CXXIII, CXXXII, CXLVIII, CXLIX, CLIV e CLXII (3º volume).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!