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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 364<br />

antes <strong>da</strong> liberalização se vendia a 200 réis, indistintamente. Na altura <strong>da</strong> exposição,<br />

ocupava 40 operários, tinha 21 depósitos espalhados pelo Rei<strong>no</strong> e produzia desde<br />

sabonetes fi<strong>no</strong>s até ao vulgar sabão amarelo125 . Sublinhe-se que tanto esta fábrica como a<br />

anterior não estão em activi<strong>da</strong>de duas déca<strong>da</strong>s depois, não surgindo qualquer referência<br />

<strong>no</strong> Inquérito Industrial de 1881.<br />

Outro exemplo do capital financeiro e huma<strong>no</strong> <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> aplicado<br />

directamente à indústria é o <strong>da</strong> chapelaria a vapor Costa Braga & Filhos. Francisco<br />

António <strong>da</strong> Costa Braga esteve 24 a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> Brasil, quase sempre ocupado na indústria de<br />

chapelaria, aonde consolidou conhecimentos e adquiriu capitais, pois tinha sido<br />

proprietário de uma fábrica <strong>no</strong> Rio de Janeiro e o primeiro a introduzir o vapor nesta<br />

indústria, pelo que, em 1863, o Imperador lhe concedeu usar o título de "imperial fábrica<br />

de chapéus". Casado e com filhos, regressou a Portugal, tendo montado a fábrica <strong>no</strong><br />

Porto. Cria<strong>da</strong> em 1866, na rua de Santo António, nº 194, aonde recebeu a visita do<br />

Imperador D. Pedro126 , em Março de 1872, foi mais tarde amplia<strong>da</strong> e transferi<strong>da</strong> para a<br />

rua <strong>da</strong> Firmeza, ficando o espaço anterior como um armazém de ven<strong>da</strong>s e oficina de<br />

chapéus de se<strong>da</strong>. Em 1868 surgem grandes anúncios em O Comércio do Porto a anunciar<br />

a chega<strong>da</strong> de mais uma máquina de França, o que lhe permitia produzir 300 chapéus por<br />

dia e cerca de 80 mil por a<strong>no</strong>, convi<strong>da</strong>ndo o público a visitar as instalações e mostrandose<br />

disponível para encomen<strong>da</strong>s com desti<strong>no</strong> a Portugal ou Brasil. Em 1881, segundo o<br />

Inquérito Industrial, era a principal fábrica de chapéus <strong>no</strong> Porto, ultrapassando a "Social",<br />

sua concorrente, em produção, <strong>da</strong> qual cerca 25% se destinavam à exportação (África,<br />

Brasil, Inglaterra e Espanha). Com 160 contos de capital, 2 máquinas a vapor e um<br />

mestre francês, tinha um produção anual de 140 contos, equivalente a 110 mil chapéus de<br />

feltro, 40 mil sacos do mesmo e 2 mil de se<strong>da</strong>, ocupando um total de 188 pessoas127 .<br />

Outras fábricas se poderiam referir na área do Porto, algumas <strong>da</strong>s quais tiveram<br />

grande desenvolvimento posterior. Foi o caso <strong>da</strong> fábrica de curtumes, <strong>no</strong> Ouro, de<br />

António Alves Cálem, uma activi<strong>da</strong>de muito liga<strong>da</strong> ao Brasil, já que de lá vinha grande<br />

parte <strong>da</strong> matéria-prima e que exigia grandes capitais, <strong>da</strong>dos os longos prazos de<br />

pagamento nas ven<strong>da</strong>s, chegando a atingir um a<strong>no</strong> nas províncias. Era esse o costume,<br />

por exemplo, na feira anual de Viseu, em que o couro vendido era logo revendido sem<br />

lucro ou até com prejuízo, mas como o comprador só tinha que o pagar na feira seguinte<br />

procurava o lucro <strong>no</strong> giro desse capital disponibilizado128 . Refira-se ain<strong>da</strong> a fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong><br />

125 Idem, "Exposição Industrial de 1861", C.P., nº 208, 12 de Setembro de 1861.<br />

126 Cf. "Visita de S.M. o Imperador do Brazil á chapelaria a vapor", C.P., de 6 de Março de 1872.<br />

127 Comissão Central Directora do Inquérito Industrial, Inquérito Industrial de 1881, Inquérito Directo -<br />

segun<strong>da</strong> parte, livro segundo, Lisboa, Imprensa Nacional, 1881, pp. 175-182.<br />

128 Cf. SÁ, Ribeiro de, ob. cit. (C.P., nº 207).

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