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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 43<br />

dito Colégio paga, concorrendo V.M. por sua pie<strong>da</strong>de e Real grandeza com 70$000 rs. ;<br />

e criando-se estes Órfãos com a educação que a todos é <strong>no</strong>tória e em suma pobreza, por<br />

não chegar to<strong>da</strong> a ren<strong>da</strong> que tem a 200$000 rs., e o que mais logram para seu sustento é<br />

adquirido por cari<strong>da</strong>de católica e diligência própria; e querendo o suplicante sejam<br />

Religiosos, os Prelados deste Rei<strong>no</strong> os não aceitam pela pobreza referi<strong>da</strong>, e os<br />

ultramari<strong>no</strong>s algumas vezes os pedem, por terem experiência de sua educação, e os<br />

homens de negócio <strong>da</strong> dita ci<strong>da</strong>de concorrem para obra tão pia, com muito gosto,<br />

man<strong>da</strong>ndo-os ir em seus navios pelo amor de Deus, e como os tais meni<strong>no</strong>s não podem<br />

passar sem licença de V.M. e não tem com que adquiram os Passaportes, e adquiridos<br />

não chegam a tempo, como sucedeu <strong>no</strong> an<strong>no</strong> de 1726 que, por não chegarem os que se<br />

man<strong>da</strong>ram vir e estarem quatro paramentados e o suplicante desejar o seu religioso<br />

cómodo, por não perder a ocasião, os enviou e tornaram para o rei<strong>no</strong>, sendo governador<br />

do Rio de Janeiro Luís Baía Monteiro"... O rei vai aceder, com a obrigação de os<br />

prelados brasileiros avisarem as autori<strong>da</strong>des <strong>no</strong> caso de os órfãos abandonarem a religião,<br />

pois S. M. "quer favorecer aos pobres Meni<strong>no</strong>s Órfãos que tiverem ver<strong>da</strong>deiramente<br />

vocação para professarem <strong>no</strong> estado Regular, e ao mesmo tempo evitar que alguns, com<br />

aparente pretexto de serem Religiosos, passem ao Brasil com o fim de se estabelecerem<br />

nele seculares, e tratarem, depois de suas conveniências temporais, o que de nenhuma<br />

sorte é <strong>da</strong> Real intenção do mesmo Senhor " 13 , uma medi<strong>da</strong> que se insere <strong>no</strong> espírito<br />

populacionista <strong>da</strong> cita<strong>da</strong> lei de 1720. Sublinhe-se que o Colégio dos Órfãos continuará a<br />

enviar crianças para o Brasil em ple<strong>no</strong> século XIX, mas agora apenas como seculares,<br />

13 GUEDES, Pe. Baltasar, Breve Relação dos Meni<strong>no</strong>s Órfãos de Nª Sª <strong>da</strong> Graça, sito fora <strong>da</strong> Porta do<br />

Olival desta Ci<strong>da</strong>de do Porto, em a qual se contém tudo o que na fun<strong>da</strong>ção dele sucedeu, (com introdução<br />

de A. de Magalhães Basto), Porto, Ed. <strong>da</strong> Câmara Municipal, 1951, pp. 302-304. Segundo a "relação", a<br />

partir de 1679 partiam, em ca<strong>da</strong> a<strong>no</strong>, 3 a 6 órfãos para tomarem ordens <strong>no</strong> Brasil, mais tarde chegaram a<br />

partir dezoito num a<strong>no</strong>. Como curiosi<strong>da</strong>de, revele-se que um irmão do criador <strong>da</strong> Obra, Frei Pantaleão <strong>da</strong><br />

Cruz, mudo de nascença, foi duas vezes ao Brasil ( nas déca<strong>da</strong>s de 1660 e 1670), com o objectivo de pedir<br />

para as obras em construção, de lá man<strong>da</strong>ndo ou trazendo quantias significativas. Segundo o relato de seu<br />

irmão, "começando em S. Paulo, e costiando mil e quinhentos legoas, acabou em Pernambuco, correndo a<br />

pé to<strong>da</strong>s estas legoas, e passando em elas os perigos que se podem considerar, e elle significa pelos seus<br />

ace<strong>no</strong>s, trazendo consigo os roes do que ajuntou; e athé os ovos que lhe <strong>da</strong>vão vendia três por um vintém"<br />

(p. 264).

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