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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

lhes garantiam a velhice descansa<strong>da</strong> e a dos seus familiares mas não se compadeciam<br />

com aventuras, preferissem não arriscar em empresas ousa<strong>da</strong>s, garantindo antes os juros<br />

seguros <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> pública. Neste campo, os aspectos de conservação prevaleceram<br />

sempre sobre os <strong>da</strong> i<strong>no</strong>vação, imagem que caracteriza o emigrante em geral, já que, à<br />

parti<strong>da</strong>, procura a ascensão <strong>no</strong> quadro social de que é originário e não a sua<br />

transformação.<br />

Da<strong>da</strong> a diversi<strong>da</strong>de dos ciclos emigratórios e do nível de capitalização, a inserção<br />

social <strong>no</strong> <strong>retor<strong>no</strong></strong> também apresenta situações varia<strong>da</strong>s, desde a retoma profissional do<br />

ofício ou <strong>da</strong> instalação <strong>da</strong> casa de lavoura à projecção negocial e política. Muitos dos<br />

emigrantes que voltavam tinham partido cedo e ao fim de 20 a<strong>no</strong>s de trabalho<br />

conseguiam retornar com um capital razoável que lhes permitia reentrar "por cima" na<br />

socie<strong>da</strong>de de parti<strong>da</strong>, ain<strong>da</strong> relativamente jovens, na casa dos 35-40 a<strong>no</strong>s, procedendo a<br />

casamentos que revelavam, só por si, uma certa mobili<strong>da</strong>de social ascendente. Mesmo as<br />

pequenas poupanças que a grande maioria trazia e que se resumiam a algumas centenas<br />

de mil réis ganhavam, face ao baixo nível de vi<strong>da</strong>, uma importância decisiva como<br />

impulso para os peque<strong>no</strong>s estabelecimentos pessoais. Outros "brasileiros", sobretudo<br />

com origem <strong>no</strong> comércio, retar<strong>da</strong>vam o <strong>retor<strong>no</strong></strong> e depois vinham viver apenas a sua fase<br />

jubilatória, descansando, fazendo curas de água para as maleitas <strong>da</strong> velhice, praticando a<br />

filantropia e esperando o reconhecimento público. Neste aspecto a comen<strong>da</strong> e o título<br />

<strong>no</strong>biliárquico eram símbolos desejados, de resto comuns à burguesia acomo<strong>da</strong><strong>da</strong> e<br />

envergonha<strong>da</strong> que então imperava <strong>no</strong> Portugal <strong>oitocentista</strong>.<br />

O estudo de alguns percursos biográficos de "brasileiros" permitiu traçar os<br />

contor<strong>no</strong>s de diversas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de reinserção, relacionando-as com a condição de<br />

parti<strong>da</strong>, com o desenvolvimento <strong>da</strong> fixação <strong>no</strong> Brasil, com a causali<strong>da</strong>de subjacente ao<br />

<strong>retor<strong>no</strong></strong> para diversos períodos históricos, mostrando a influência <strong>da</strong>s redes familiares e<br />

<strong>da</strong> conjuntura na sua formação e <strong>no</strong>s seus comportamentos. Para alguns casos, essa<br />

verificação biográfica foi mesmo feita ao nível do porme<strong>no</strong>r, descendo-se inclusivamente<br />

ao acompanhamento quotidia<strong>no</strong>. Mas a inexorável que<strong>da</strong> do câmbio brasileiro, a partir<br />

<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 90, acaba com o "brasileiro" tradicional que se transforma com o decorrer<br />

do tempo e ca<strong>da</strong> vez mais apenas num ex-emigrante.<br />

*<br />

Resumindo, podemos dizer que o <strong>no</strong>sso projecto de investigação com<strong>porto</strong>u um<br />

processo de reconhecimento <strong>da</strong> corrente migratória <strong>oitocentista</strong> com origem <strong>no</strong> distrito<br />

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