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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 287<br />

esvaziamento. Em 1881, o Inquérito Industrial, dá como praticamente extinta a<br />

construção naval <strong>no</strong>s estaleiros locais, em função <strong>da</strong> que<strong>da</strong> <strong>da</strong> marinha mercante, pois a<br />

reduzi<strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de era alimenta<strong>da</strong> pelos peque<strong>no</strong>s barcos de pesca126 . Um peque<strong>no</strong><br />

número de armadores lutava, então, contra a maré vazante127 , <strong>no</strong>s quais se destaca<br />

Andresen (que adquire alguns vapores postos a leilão pela liqui<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> "Progresso<br />

Marítimo do Porto") e estabelece ligações regulares para os Estados Unidos e Brasil,<br />

<strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente para Manaus.<br />

Mas os interesses radicados <strong>no</strong> Porto levaram tempo a ser ultrapassados e a saber<br />

aproveitar as condições naturais de Leixões, invertendo o processo de transferência <strong>da</strong><br />

saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> por Lisboa. Temia-se, então, a descentração <strong>da</strong> dinâmica económica<br />

do Porto para Matosinhos, pelo que se insistia na criação de um ante-<strong>porto</strong> ou <strong>porto</strong> de<br />

abrigo, que permitisse abrigar os navios que esperassem o desembarque na barra do<br />

Douro, sem prejudicar os interesses aqui instalados128 . Só <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 80, se ultrapassarão<br />

essas indecisões129 , iniciando-se a obra de a<strong>da</strong>ptação do <strong>porto</strong> natural a um <strong>porto</strong> de<br />

abrigo, cujas quali<strong>da</strong>des depressa o tornaram frequentado por centenas de navios, logo<br />

que as primeiras obras o permitiram130 , embora oficialmente o <strong>porto</strong> comercial <strong>da</strong>te<br />

apenas de 1932. De qualquer modo, <strong>no</strong>s finais do século passado, o Norte tinha<br />

recuperado alguma iniciativa, e como se pode verificar (Gráf. 5.17), em 1899, cerca de<br />

80% dos emigrantes do Porto para o Brasil embarcavam em Leixões.<br />

126 Ob. cit., p. 38.<br />

127 Já vimos (capítulo 3) como foram débeis as tentativas com origem <strong>no</strong> Porto para dominar o mercado<br />

<strong>da</strong> navegação a vapor para o Brasil: a "Companhia Luso-Brasileira", na déca<strong>da</strong> de 50, e a "Progresso<br />

Marítimo do Porto", <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 70, que experimentaram dificul<strong>da</strong>des insuperáveis na concorrência com as<br />

grandes companhias transatlânticas, que viviam dum mercado muito amplo, estabelecendo ligações entre<br />

numerosos <strong>porto</strong>s europeus e america<strong>no</strong>s, além dos problemas com a mobilização de capitais.<br />

128 Sobre a diversi<strong>da</strong>de e tipos de interesse que criavam obstáculos à implementação <strong>da</strong> obra de Leixões,<br />

que vinha sendo estu<strong>da</strong><strong>da</strong> e sucessivamente adia<strong>da</strong> desde 1852 ( na sequência do naufrágio do vapor<br />

"Porto"), cf. KENDALL, H., ob. cit. Eis um texto significativo a este respeito: "Leça e Matosinhos seriam<br />

o que é hoje a ci<strong>da</strong>de - e o Porto... poderia ajardinar as suas ruas, plantar cyprestes, e gravar seu<br />

ephitafio nas Pedras de Leixões... á saudosa memoria <strong>da</strong> per<strong>da</strong> <strong>da</strong> sua prosperi<strong>da</strong>de! E de envolta com a<br />

ruina d'esta ci<strong>da</strong>de, teria de lamentar-se a <strong>da</strong> industriosa Vila Nova (Gaya) e de to<strong>da</strong>s as povoações nas<br />

duas margens do Douro". In MOSER, Eduardo, Memoria sobre as vantagens, materiaes, financeiras e<br />

eco<strong>no</strong>micas do projectado Ante-Porto do Douro, Porto, Typographia do Commercio do Porto, 1880.<br />

129 Com a lei de 26 de Junho de 1883, de Hintz Ribeiro, com base <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> de Nogueira Soares.<br />

130 Em 1889, o Gover<strong>no</strong> deu à "Companhia <strong>da</strong>s Docas e Caminhos de Ferro Peninsulares" a concessão<br />

para construir e explorar o <strong>porto</strong> comercial, mas a crise de 1890 atrasou todo o processo. De qualquer<br />

modo, "a construcção dos molhes começou em 1884. Quatro depois já se aproveitavam do abrigo 48<br />

navios. No an<strong>no</strong> de 1889, 104; <strong>no</strong> an<strong>no</strong> de 1890, apesar de ain<strong>da</strong> estarem por construir as cabeças dos<br />

molhes, entraram <strong>no</strong> <strong>porto</strong> cerca de 400 embarcações, em grande parte para operações de carga e<br />

descarga". Em 1907, as entra<strong>da</strong>s elevaram-se a 821, sendo 134 de vela e 687 a vapor, com um movimento<br />

de 23088 passageiros, tudo apesar de não existirem ain<strong>da</strong> cais acostáveis ou aparelhos de descarga. Cf.<br />

KENDALL, H., ob. cit., p. 16.

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