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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 358<br />

Machado e <strong>da</strong>í saiu a primeira direcção eleita, aonde se podem encontrar os <strong>no</strong>mes de<br />

alguns - Pinto Bessa, Visconde <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong>de e J.J. Pereira Lima. E nas sucessivas<br />

direcções outros passarão por lá, desde o Barão de Nova Cintra (José Joaquim Leite<br />

Guimarães) ao Visconde de Barreiros. É certo que se esperara colocar rapi<strong>da</strong>mente o<br />

capital através <strong>da</strong> subscripção de acções <strong>no</strong> Brasil, pois, como dizia o Conde de<br />

Samodães, "por aquelle tempo e ain<strong>da</strong> muito posteriormente todos os grandes tentamens<br />

nacionaes eram promptamente secun<strong>da</strong>dos pelos <strong>no</strong>ssos conterrâneos, que se havia<br />

expatriado para o Brazil em procura de posição mais vantajosa" 113 . Mas desta vez a<br />

colónia portuguesa do Rio de Janeiro estava em conflito aberto com o gover<strong>no</strong> central,<br />

por causa do conflito com o cônsul Barão de Moreira, e aquele não se aprestava a<br />

satisfazer as reclamações para a demissão do diplomata, pelo que a suspensão do envio<br />

de capitais para Portugal funcionava como elemento de pressão não se verificou desta<br />

vez, pelo me<strong>no</strong>s de início, havendo respostas positivas numa segun<strong>da</strong> tentativa, logo após<br />

a demissão do cônsul em 1862. Mas os "brasileiros" do Porto, especialmente os que<br />

constituíram o núcleo fun<strong>da</strong>dor, contribuíram fortemente com o seu capital para a<br />

formação do capital inicial114 desse edifício que, durante quase um século, foi um exlibris<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e um dos seus principais lugares de animação e de divulgação115 .<br />

Não poderá deixar de se referenciar aqui a experiência de "paternalismo"<br />

assistencial e industrial do Barão de Nova Cintra (José Joaquim Leite Guimarães).<br />

Exemplo típico do filho de lavrador (de Guimarães), em que to<strong>da</strong> a componente<br />

masculina saiu de casa, o mais velho para Lisboa, o segundo para o Brasil, e ele, o<br />

terceiro, para o Porto, aos 11 a<strong>no</strong>s, ficando duas irmãs em casa. A sua parti<strong>da</strong> para o<br />

Brasil acontece aos 17 a<strong>no</strong>s, por chama<strong>da</strong> do irmão (1825). Trabalha inicialmente numa<br />

firma de fazen<strong>da</strong>s brancas, passando mais tarde ao Rio Grande do Sul onde estabeleceu<br />

socie<strong>da</strong>de e se vê envolvido (e ferido) na "guerra dos farrapos", o que leva a regressar ao<br />

Rio. Aí entra na socie<strong>da</strong>de do irmão116 , do qual se torna independente pouco depois,<br />

formando outra. Casa, mas os dois filhos morrem crianças e a mulher segue-os pouco<br />

depois. Em 1846 deixa o Rio de Janeiro, vai de <strong>no</strong>vo para o Rio Grande do Sul<br />

(provavelmente por razões de herança, já que a sua faleci<strong>da</strong> mulher era de Porto Alegre e<br />

dela terá her<strong>da</strong>do valores importantes). Casa <strong>no</strong>vamente <strong>no</strong> Rio, ain<strong>da</strong> com pouca sorte,<br />

113 SAMODÃES, Conde de, Breve esboço Historico do Palacio de Crystal Portuense, Porto, Typographia<br />

Central, p. 26<br />

114 Idem, ibidem, pp.38-39.<br />

115 Cf. SANTOS, José Coelho dos, O Palácio de Cristal e a Arquitectura do Ferro <strong>no</strong> Porto em meados<br />

do século XIX, Porto, Fun<strong>da</strong>ção Engº António de Almei<strong>da</strong>, 1988<br />

116 António José Leite Guimarães, futuro Barão <strong>da</strong> Glória, que <strong>no</strong> <strong>retor<strong>no</strong></strong> optou por Lisboa, aonde<br />

habitava <strong>no</strong> seu palacete de Benfica "Beau-Séjour".

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