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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 79<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> a impossibili<strong>da</strong>de de acostarem na barra do Douro. Com resultados iniciais<br />

animadores, reconheci<strong>da</strong> como "honrosa excepção ao génio pouco aventuroso dos<br />

capitalistas nacionais" 99 , a companhia desagregou-se em 1856, tendo sido vendidos os<br />

seus navios, depois de um longo folhetim de discórdias entre os accionistas, sobre as<br />

políticas a seguir, a instalação <strong>da</strong> sede e várias alterações na direcção 100 .<br />

Duas déca<strong>da</strong>s mais tarde, o transporte de emigrantes para o Brasil anima à<br />

formação de <strong>no</strong>va empresa de vapores, a Progresso Marítimo do Porto, domina<strong>da</strong> por<br />

sócios <strong>da</strong> Associação, com alguns "brasileiros" em destaque 101 . Mas as limitações <strong>da</strong><br />

barra do Douro serão sempre um obstáculo à livre navegação de vapores e durante muito<br />

tempo agitar-se-á o fantasma de Vigo, com vultosas obras portuárias e rede de caminho-<br />

de-ferro, ameaçando polarizar o comércio exter<strong>no</strong> do Noroeste peninsular 102 . A<br />

alternativa de Leixões, depois de vencidos os interesses poderosos que teimavam na<br />

melhoria <strong>da</strong> barra do Douro 103 , será já tardia, não tendo contribuído para a formação de<br />

uma marinha mercante portuense, poderosa e concorrencial, tal como foi sonha<strong>da</strong> <strong>no</strong>s<br />

meados do século <strong>no</strong> contexto <strong>da</strong>s ligações ao Brasil, tendo como referências a<br />

<strong>emigração</strong>, seus refluxos e a perspectiva de ampliação <strong>da</strong>s trocas comerciais 104 .<br />

99 Cf. "Companhia Luso-Brasileira" in O Commercio, 16 de Agosto de 1854 e 14 de Março de 1855. E<br />

"Vapor D. Maria II", ibidem, de 21 e 23 de Agosto de 1854. Nascendo de uma ideia de Eduardo Moser e<br />

J. Marques Rodrigues para enfrentar a concorrência inglesa, a companhia teve como primeiros directores<br />

os viscondes de Castro Silva e <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong>de, o segundo um conhecido "brasileiro" do Porto.<br />

100 Cf. o Periódico dos Pobres <strong>no</strong> Porto, nº 12 de 14.1.1853, nºs 49 e 50 de 26 e 27 de Fevereiro de 1856 e<br />

nº 139 de 13.6.1856. Ver também O Commercio do Porto de 25.6.1856<br />

101 cf. "Progresso Marítimo do Porto", O Comércio do Porto de 5 de Dezembro de 1874. Relato <strong>da</strong><br />

assembleia geral, na Bolsa, para discussão de uma proposta de aumento de capital com vista à aquisição de<br />

dois <strong>no</strong>vos vapores. Cria<strong>da</strong> por iniciativa de Henrique Ken<strong>da</strong>ll, em 1878 estava em liqui<strong>da</strong>ção, por falta de<br />

capitais para a aquisição dos dois vapores, por súbito aumento de preço (50%). À falta de capital<br />

verifica<strong>da</strong>, não correspondeu o conselho fiscal com autorização para <strong>no</strong>va emissão de acções, levando à<br />

sua ruptura. Não esqueçamos que estas dificul<strong>da</strong>des confluem com a crise financeira de 1876, revelando,<br />

<strong>no</strong> entanto, falta de arrojo capitalista para investimento não totalmente seguro. Cf., "Carta de Henrique<br />

Ken<strong>da</strong>ll", ibidem, de 20 de Fevereiro de 1878.<br />

102 O debate sobre o papel do <strong>porto</strong> de Vigo e o seu impacto na praça do Porto pode ler-se em numeroso<br />

artigos insertos em O Comércio do Porto, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 1870-80. Cf., sobretudo, o artigo de Rodrigues de<br />

Freitas, "O Porto, Vigo e os caminhos de ferro hespanhoes", ibidem, de 21 de Dezembro de 1879.<br />

103 Cf. SOUZA, J. Fernando de, Douro e Leixões - a questão dos <strong>porto</strong>s commerciais, Porto, Junta<br />

Autó<strong>no</strong>ma <strong>da</strong>s Obras <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de do Porto, 1912. Cf. ain<strong>da</strong>, A.C.P., A Associação Comercial do Porto e a<br />

Barra do Douro - breves apontamentos históricos, Porto, 1945.<br />

104 Cf. VARETA, Bernardi<strong>no</strong>, A Marinha Mercante e a Eco<strong>no</strong>mia Nacional, Porto, 1903. Comissão<br />

Permanente de Defeza <strong>da</strong> Marinha Mercante Portugueza, Representação dirigi<strong>da</strong> às Camaras dos Dig<strong>no</strong>s

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