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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

descrita do seguinte modo, pelo administrador, quando interrogado sobre a diminuição do<br />

número de fogos recenseados:<br />

..." a differença para me<strong>no</strong>s, que se encontra na somma dos fogos provém <strong>da</strong><br />

migração e <strong>emigração</strong> de familias para fora do concelho, <strong>da</strong> província e do paiz. Os<br />

lavradores caseiros com suas familias operam succesivamente estas migrações, deixando<br />

a cultura de terras que traziam de arren<strong>da</strong>mento. Os proprietários, residentes <strong>no</strong><br />

concelho, ficam a cultivar as proprie<strong>da</strong>des arren<strong>da</strong><strong>da</strong>s, tomam ao seu serviço um ou dois<br />

criados, na maior parte naturais e residentes <strong>no</strong> concelho. A saí<strong>da</strong> dos colo<strong>no</strong>s com suas<br />

familias, quase sempre numerosas importa abatimentos na somma de fogos e de<br />

habitantes. Outros chefes de famílias também mu<strong>da</strong>m de residência. As constantes<br />

emigrações para o Brasil de chefes de familia, de filhos, e de familias inteiras abatem<br />

anual e sensivelmente a população em numero de fogos e habitantes. De mais, de certas<br />

freguesias d'este concelho vam trabalhadores para o Alemtejo, Sevilha e outras terras de<br />

Hespanha, aonde se demoram bastantes an<strong>no</strong>s” 57 .<br />

Debrucemo-<strong>no</strong>s, na medi<strong>da</strong> do possível, sobre esse processo de recomposição do<br />

mercado de trabalho, centrando-<strong>no</strong>s sobre os seus principais agentes: os criados e a<br />

imigração de galegos.<br />

3.4.1 - Os criados<br />

Embora o recurso a esta mão-de-obra assalaria<strong>da</strong> seja uma prática tradicional58 , o<br />

que se passa a observar é o surgimento crescente de famílias com situações de <strong>emigração</strong><br />

e que recorrem simultaneamente à cria<strong>da</strong>gem. Torna-se, deste modo, evidente que não é a<br />

falta de trabalho que provoca, nestes casos, a <strong>emigração</strong>, mas sim a procura de trabalho<br />

mais valorizado económica e socialmente, podendo o existente na uni<strong>da</strong>de familiar ser<br />

suprido por soluções mais económicas e precárias, ajusta<strong>da</strong>s às necessi<strong>da</strong>des de ca<strong>da</strong><br />

momento.<br />

57 AGCP, Documentação avulsa, Correspondência recebi<strong>da</strong>, 1867.<br />

58 Sobre a problemática do serviço doméstico, cf. SILVA, Álvaro Ferreira, "Família e trabalho doméstico<br />

<strong>no</strong> "hinterland" de Lisboa (1763-1810)", Análise Social, nº 97, 1987, pp. 531-562.<br />

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