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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 360<br />

contos em semente e casulo, quando a despesa total desse a<strong>no</strong> <strong>no</strong> Estabelecimento foi<br />

inferior a 5 contos. Ou seja, mesmo deduzindo os custos de produção, deveria estar<br />

assegura<strong>da</strong> a auto-suficiência do Estabelecimento. Nas exposições de sericicultura do<br />

Palácio de Cristal em 1867 e 1869, a representação do Estabelecimento ganhará o<br />

primeiro prémio, surgindo como o melhor produtor nacional, embora entre em<br />

decadência a partir de 70 com a morte do patro<strong>no</strong>117 . De qualquer modo, o Barão foi<br />

responsável por uma experiência singular, associando duas obsessões muito em voga <strong>no</strong><br />

século passado: o controlo do "pathos" social (mendici<strong>da</strong>de, orfan<strong>da</strong>de, vadiagem)<br />

através do asilo e do trabalho, seguindo o modelo inglês <strong>da</strong>s "workhouses", <strong>no</strong> sentido<br />

explícito de fazer progredir a indústria nacional.<br />

A presença de "brasileiros" será ain<strong>da</strong> mais acentua<strong>da</strong> <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 70, já <strong>no</strong> quadro<br />

<strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des anónimas, e principalmente <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de euforia que se seguiram ao fim <strong>da</strong><br />

guerra do Brasil com o Paraguai. Ela é frequente <strong>no</strong>s múltiplos bancos que se criam não<br />

só <strong>no</strong> Porto mas um pouco por todo o Norte, nas diversas companhias para os mais<br />

variados efeitos, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente nas de implantação e exploração ferroviária, não<br />

esquecendo o seu papel decisivo na já referi<strong>da</strong> Companhia de Progresso Marítimo,<br />

aborta<strong>da</strong> por falta de capitais na sequência do pavor gerado pela crise de 1876. Não será<br />

por acaso que ascende à presidência <strong>da</strong> Associação Comercial do Porto, em plena fase de<br />

recuperação do câmbio brasileiro, um ex-emigrante nascido <strong>no</strong> Porto, o já referido Conde<br />

de Silva Monteiro, que, mesmo regressado, mantinha a sua casa (Monteiro & Cª) <strong>no</strong> Rio<br />

de Janeiro, à semelhança de tantos outros, regendo à distância os seus interesses,<br />

assegurando o futuro através <strong>da</strong> aposta em diferentes tabuleiros. Por falta de estudos<br />

mo<strong>no</strong>gráficos sobre as empresas e os empresários, não <strong>no</strong>s é possível avaliar o grau de<br />

influência destes brasileiros nas companhias em que participavam, embora as biografias<br />

oficiais lhes atribuam obviamente um papel determinante. Limitamo-<strong>no</strong>s, por agora, a<br />

identificar a sua presença <strong>no</strong> tecido económico, reconhecendo-os <strong>no</strong>s corpos sociais <strong>da</strong>s<br />

empresas, em lugar de direcção ou de influência. Certamente que a sua presença<br />

asseguraria a participação de muitos outros ao nível <strong>da</strong> subscrição de capitais, ao mesmo<br />

tempo que lhes conferia alguma capaci<strong>da</strong>de de decisão e explicitava o tipo de interesses<br />

predominantes.<br />

Nos a<strong>no</strong>s 80, esta comuni<strong>da</strong>de portuense de "brasileiros" ain<strong>da</strong> se re<strong>no</strong>va, o<br />

câmbio volta a ser favorável e, trazendo o resultado do seu labor ou as ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s firmas<br />

117 Sobre o Barão de Nova Cintra e a sua obra há uma grande diversi<strong>da</strong>de de informações impressas e de<br />

arquivo. No essencial, seguimos de perto, a excelente mo<strong>no</strong>grafia que colige quase tudo: MENDES,<br />

António Lopes, Colégio do Barão de Nova Cintra, Porto, Santa Casa <strong>da</strong> Misericórdia, policopiado, 1988.<br />

Agradecemos penhora<strong>da</strong>mente ao autor o facto de ter colocado a obra, ain<strong>da</strong> à espera de publicação, à<br />

<strong>no</strong>ssa disposição, com autorização de consulta e utilização.

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