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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 262<br />

Em 1844, já se publicitavam <strong>no</strong> Porto <strong>no</strong>tícias sobre colo<strong>no</strong>s trabalhadores para o<br />

Brasil, <strong>da</strong>ndo contra de um contrato do gover<strong>no</strong> <strong>da</strong> província do Rio de Janeiro com o<br />

delegado <strong>da</strong> casa comercial de Carlos Delrue, de Dunquerque, para a importação de 600<br />

colo<strong>no</strong>s para as obras públicas, os quais deviam ser portugueses, belgas, franceses,<br />

italia<strong>no</strong>s ou alemães e não seriam me<strong>no</strong>res de 18 ou maiores de 40 a<strong>no</strong>s. Além de<br />

"robustos e bem morigerados" deveriam ser oficiais de carpinteiro, ferreiro, pedreiro,<br />

canteiro e cavouqueiro e trabalhadores de estra<strong>da</strong>s. Ca<strong>da</strong> "leva" não poderia ter me<strong>no</strong>s de<br />

cem nem mais de duzentos, e seria composta de 50% de oficiais e 50% de trabalhadores<br />

de estra<strong>da</strong>, devendo os colo<strong>no</strong>s levar consigo a ferramenta dos seus ofícios. Teriam a<br />

viagem paga e um adiantamento para despesas, a descontar posteriormente <strong>no</strong>s seus<br />

salários, a partir <strong>da</strong> dedução de um quarto <strong>da</strong> quantia a receber (1$000 por dia aos<br />

trabalhadores e 1$280 aos oficiais, em moe<strong>da</strong> brasileira) 97 . Teriam partido alguns<br />

portuenses neste contexto ?<br />

No a<strong>no</strong> seguinte, <strong>da</strong>va-se conhecimento de um decreto imperial que concedia a<br />

todo o capitão do navio 60$ rs por ca<strong>da</strong> colo<strong>no</strong>. Estes deviam ser "mancebos robustos, e<br />

habeis jornaleiros, principalmente agricultores, serralheiros, carpinteiros e canteiros",<br />

mas estes não podiam, durante os três primeiros a<strong>no</strong>s, deixar a Província, nem "adquirir<br />

nenhum terre<strong>no</strong>, nem estabelecer nenhuma casa de commercio ou empregarem-se em<br />

trafico volante, nem entrar como caixeiros em qualquer estabelecimento commercial" 98 .<br />

Precauções condizentes com a hostili<strong>da</strong>de então reinante contra os portugueses, acusados<br />

de dominarem o comércio e de não permitirem a entra<strong>da</strong> de brasileiros para as casas<br />

comerciais, o que se tor<strong>no</strong>u num dos pretextos mais utilizados para múltiplas<br />

manifestações anti-portuguesas que tinham eco <strong>no</strong> parlamento brasileiro, com propostas<br />

mais ou me<strong>no</strong>s radicais, como a <strong>da</strong> "lei dos caixeiros", visando obrigar os comerciantes a<br />

admitirem caixeiros brasileiros, ou as de "nacionalização" do comércio99 . Seria este o<br />

quadro que explicava o <strong>retor<strong>no</strong></strong> de muitos pedreiros e carpinteiros ao fim de três a<strong>no</strong>s,<br />

como <strong>no</strong>s diz o articulista do Diário do Gover<strong>no</strong>, por esta altura100 ?<br />

Estes processos de colonização dos a<strong>no</strong>s quarenta são ain<strong>da</strong> tentativas de<br />

sensibilização por parte dos poderes brasileiros para a questão <strong>da</strong> mão-de-obra livre, na<br />

expectativa do fim do comércio de escravos. Note-se a preocupação em fazer afluir<br />

colo<strong>no</strong>s dotados de alguma especialização profissional e a procura de delimitação de<br />

97 In "Colo<strong>no</strong>s trabalhadores para o Brazil", Periódico dos Pobres <strong>no</strong> Porto, nº 129 de 9 de Setembro de<br />

1844.<br />

98 "Brazil", Periódico dos Pobres <strong>no</strong> Porto, nº 57 de 8 de Março de 1845.<br />

99 A este respeito, as citações poderiam ser numerosas. Vd., por exemplo, o Periódico dos Pobres <strong>no</strong> Porto<br />

de 6.11.1845, 9.9.1848, 28.5.1850<br />

100 "Emigração para o Brasil", Diário do Gover<strong>no</strong>, nº 105 de 6 de Maio de 1846, p. 501.

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