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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 344<br />

empregar-se como revisor na linha férrea Porto-Póvoa, passando pouco depois para chefe<br />

de uma <strong>da</strong>s estações do "america<strong>no</strong>" do Porto, "mostrando sempre o que valle o Rato de<br />

Vilar do Pinheiro" 87 .<br />

Mesmo em situações de sucesso e em estratos sociais relativamente elevados a<br />

rejeição pode ser um facto. Que o diga Joaquim <strong>da</strong> Costa Ramalho Ortigão (irmão do<br />

escritor de As Farpas ), natural de Cedofeita e filho do proprietário do célebre Colégio <strong>da</strong><br />

Lapa, que emigra aos 13 a<strong>no</strong>s (1856) para o Rio de Janeiro, ocupando-se como caixeiro<br />

numa firma de comissões 88 . Uns a<strong>no</strong>s depois já aparecia como guar<strong>da</strong>-livros e sócio <strong>da</strong><br />

firma "Sousa Breves & Cª", para mais tarde formar a sua própria firma "Ortigão & Cª". A<br />

sua preparação intelectual 89 e disponibili<strong>da</strong>de pessoal levam-<strong>no</strong> a ser um dos membros<br />

mais dinâmicos <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de portuguesa do Rio. Muito versado em eco<strong>no</strong>mia,<br />

produzindo frequentes conferências e artigos, era muito escutado, a nível oficial, <strong>no</strong><br />

Brasil, tendo integrado a direcção e presidido ao Gabinete Português de Leitura e do<br />

influente Centro de Comércio e Lavoura. Em 1875, vem a Portugal, por onde se demora<br />

2 a<strong>no</strong>s. Pois, a propósito do seu regresso, o biógrafo sugere que, na segun<strong>da</strong> parti<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

terra, não levou "as sau<strong>da</strong>des <strong>da</strong> primeira despedi<strong>da</strong> nem as gratas impressões de um<br />

acolhimento e convívio amistoso e fraternal, a que tinha direito entre os seus<br />

compatriotas" 90 .<br />

Retoma profissional e casas de lavoura<br />

Para outros a <strong>emigração</strong> e o <strong>retor<strong>no</strong></strong> não eram dramas, pois constituíam a<br />

possibili<strong>da</strong>de de amealhar algum capital, partindo-se com objectivos de curta duração,<br />

de forma a possibilitar o estabelecimento familiar e profissional, retomando-se depois a<br />

activi<strong>da</strong>de anterior, de forma mais independente ou mais dinâmica. Estamos perante o<br />

<strong>retor<strong>no</strong></strong> de conservantismo, já que não há qualquer ideia de ruptura com a ordem social<br />

vigente, nem tão-pouco a de introduzir alterações significativas <strong>no</strong> processo produtivo.<br />

Casados ou solteiros estes emigrantes partiam com a intenção declara<strong>da</strong> de resolver<br />

87 Seguimos e transcrevemos o testemunho do Pe. Joaquim Antunes de Azevedo, num manuscrito de<br />

memórias locais, em quatro cader<strong>no</strong>s, inédito, mas precioso para o reconhecimento individual e familiar<br />

<strong>da</strong>s Terras <strong>da</strong> Maia, na segun<strong>da</strong> metade do século passado : 2º cader<strong>no</strong>, p. 95.<br />

88 Desta família emigra, 5 a<strong>no</strong>s mais tarde, ain<strong>da</strong> outro irmão, Antonio Manuel, de 13 a<strong>no</strong>s (passaporte em<br />

1860/08/10).<br />

89 Preparação intelectual que, <strong>da</strong><strong>da</strong> a baixa i<strong>da</strong>de de parti<strong>da</strong>, não poderia ter um grande fun<strong>da</strong>mento<br />

escolar, mas sim a do autodi<strong>da</strong>cta, desenvolvendo um esforço pessoal que outros emigrantes também<br />

confessam, e que, não raro, está na base do seu sucesso, sobretudo à medi<strong>da</strong> que se caminha para formas<br />

mais desenvolvi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> eco<strong>no</strong>mia brasileira.<br />

90 In "Joaquim <strong>da</strong> Costa Ramalho Ortigão", Commercio e Industria, vol.3, nº 90.

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